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    Musical 'Garota de Ipanema' revê história e facetas da bossa nova

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    26/08/2016 02h10

    O "cantinho e o violão" estão lá. Mas não só. "Temos a impressão de que a bossa nova tem um ritmo só, banquinho e violão, o que não é verdade", diz o diretor Gustavo Gasparani. "Ela chega ao sambalanço e tem rimos variados, alguns que vão pro jazz."

    É um pouco dessa pluralidade do gênero que o encenador tentou levar a "Garota de Ipanema, o Amor É Bossa", musical que estreia nesta sexta (26) no Rio, com dramaturgia de Thelma Guedes.

    Assim, além de clássicos como "Ela É Carioca" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e "Corcovado" (Tom), compõem o repertório da peça composições de artistas que foram influenciados pela bossa nova, como Caetano Veloso (aqui presente em "Tropicália").

    E toda a encenação –como o cenário feito de cadeiras e alguns poucos elementos– busca o "minimalismo da bossa nova", explica o diretor.

    A história do ritmo é contada por meio das idas e vindas de um casal: Zeca (Thiago Fragoso) e Deolinda, ou Dindi (Letícia Persiles, a Capitu da minissérie "Dom Casmurro", da Globo). Ele, arquiteto, arrisca composições no violão em bares cariocas. Ela, garota do subúrbio da cidade, tenta pôr em prática sua vocação para cantar.

    Em volta deles orbitam ícones da bossa nova. Não são representações biográficas, mas surgem como figurantes Tom, Vinicius, Nara Leão e Roberto Menescal –o verdadeiro Menescal, por sinal, supervisionou a seleção de músicas da peça.

    "São figuras mitológicas que influenciam esses personagens", comenta Fragoso. Ou como "Meia-Noite em Paris", filme de Woody Allen, afirma o diretor: "É o personagem comum que entra no mundo das celebridades".

    Para não ficar na "água com açúcar" do par romântico, diz Gasparani, também aflora na história (que vai de 1960 a 1974) o contexto social e político da época. Entram ali questões sobre feminismo e a truculência do regime militar.

    CINE PALÁCIO

    "Garota de Ipanema" é a montagem que abre o Teatro Riachuelo Rio, na Cinelândia, centro da cidade. O prédio, inaugurado em 1890 como Cassino Nacional Brasileiro, abrigava desde 1943 o Cine Palácio, fechado em 2008 e tombado pelo patrimônio histórico no mesmo ano.

    Comprado em 2011 pelo Banco Opportunity, o imóvel passou a ser administrado pela Aventura Entretenimento –produtora de musicais como "O Mágico de Oz" e "Rock in Rio". Foi reformado por quase dois anos (e a um custo de R$ 42 milhões) para transformar a antiga sala de cinema em teatro, com fosso, urdimentos e caixa cênica.

    Também foram restaurados os trabalhos de art déco da fachada do imóvel e das paredes e do teto da sala –hoje com mil lugares.

    A ideia, diz Luiz Calainho, um dos sócios da Aventura, é que o teatro funcione de terça a domingo e receba peças adultas e infantis, shows musicais, concertos e palestras.

    A produtora também planeja um documentário sobre o local, a partir de pesquisa histórica feita pelo escritor Ruy Castro, colunista da Folha.

    A jornalista MARIA LUÍSA BARSANELLI viajou a convite da Aventura Entretenimento

    GAROTA DE IPANEMA, O AMOR É BOSSA
    QUANDO qui. a sáb., às 20h, dom., às 18h; até 27/11
    ONDE Teatro Riachuelo Rio, r. do Passeio, 38/40, tel. (21) 3005-3432
    QUANTO R$ 50 a R$ 140
    CLASSIFICAÇÃO livre

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