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    Escola sem Partido é antirrepublicano, diz filósofo na Bienal do Livro

    MAURICIO MEIRELES
    DE SÃO PAULO

    27/08/2016 19h41

    Avener Prado/Folhapress
    Movimentação no segundo dia da 24º Bienal do Livro de São Paulo
    Movimentação no segundo dia da 24º Bienal do Livro de São Paulo

    Lotada, com pessoas em pé, sentadas no chão e também fora do espaço reservado para o debate, a mesa que reuniu os filósofos Mario Sérgio Cortella e Luiz Felipe Pondé, colunista da Folha, na tarde deste sábado (27), na Bienal do Livro de São Paulo, discutiu uma dezena de assuntos relativos à vida democrática.

    O momento que causou mais comoção, porém, foi quando uma professora na plateia questionou os debatedores sobre o programa Escola sem Partido.

    "O Escola sem Partido é inconstitucional e antirrepublicano", disse Cortella. "Existe alguém que defenda escola com partido? Eu não conheço ninguém."

    Para o autor, o movimento confunde partido com política. "O professor não deve partidarizar, mas não deve despolitizar [a escola]."

    Mais à frente, o projeto também foi ironizado por Pondé.

    "Acho que a escola tem que oferecer visões contraditórias da sociedade. Isso pode ajudar [os alunos] a ter uma visão mais complexa", afirmou.

    "Mas, se os professores estão tentando fazer os alunos virarem petistas, pelo visto eles só estão conseguindo com os alunos de ciências sociais."

    A dupla ainda comentou a crise política no país, defendendo que o Brasil vive um momento importante para a formação política da sociedade.

    "É um momento febril, mas nunca na nossa história tivemos uma educação política tão forte. É sofrido, mas incrível."

    Concordando com o companheiro de debate, Pondé ressaltou que a crise política será estudada nas escolas no futuro. E defendeu que, apesar da radicalização na sociedade, a democracia precisa acomodar tais conflitos.

    "As incoerências existem mesmo. Me parece que o objetivo da democracia é institucionalizar as tensões e, com isso, fazer que as pessoas não se matem na rua."

    Os dois foram aplaudidos várias vezes durante a conversa.

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