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    ANÁLISE

    Gene Wilder foi rosto da comédia em Hollywood nos anos 1970

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    29/08/2016 19h43

    Gene Wilder, famoso por filmes como "A Fantástica Fábrica de Chocolate" (1971) e "O Jovem Frankenstein" (1974), dizia que não era um comediante. Afirmava ser incapaz de contar uma piada e gostava de se definir como um ator dramático que alcançava seus melhores momentos atuando dentro de comédias.

    Anunciada sua morte nesta segunda-feira (29), aos 83 anos, depois de superar um câncer e sofrer de Alzheimer por quase uma década, a definição fica como uma explicação perfeita para sua carreira.

    Nascido Jerome Silberman, o americano Wilder foi o grande rosto da comédia de Hollywood nos anos 1970. Trabalhou com mestres em ótima forma, como Woody Allen, em "Tudo Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo (Mas Tinha Medo de Perguntar)" (1972), e Mel Brooks, em três filmes: "Primavera para Hitler" (1967), "Banzé no Oeste" (1974) e "O Jovem Frankenstein".

    Divulgação
    Still of Gene Wilder in A Fantástica Fábrica de Chocolate
    Gene Wilder como Willy Wonka no filme "A Fantástica Fábrica de Chocolates", de 1971

    Sua associação com Brooks veio do início dos anos 1960, quando Wilder fez uma sólida carreira de coadjuvante na Broadway e se tornou amigo de Anne Bancroft (1931-2005), trabalhando juntos em várias montagens. Ela casaria com Brooks, que levou Wilder ao cinema.

    Talvez o personagem mais marcante do ator seja Willy Wonka, do infantil "A Fantástica Fábrica de Chocolate". Quem tem mais de 30 anos anos cansou de assistir ao filme na "Sessão da Tarde". Quem é mais novo conhece o personagem na pele de Johnny Depp, na refilmagem que Tim Burton dirigiu em 2005, que Wilder execrava.

    Em 1976, no auge da popularidade, Wilder atuou numa comédia com algo de paródia de filmes de Alfred Hitchcock que afetaria sua carreira. "O Expresso de Chicago" foi o primeiro dos quatro filmes que fez ao lado do comediante Richard Pryor (1940-2005).

    Formaram uma dupla de extremos. Pryor era o negro extrovertido, falador, cheio de caretas, um gigante do stand-up, capaz de fazer qualquer plateia gargalhar. Wilder era o branco contido, tímido, sem graça, arrancando a simpatia da plateia como um cara comum que se envolvia em situações absurdas ou ridículas. A mistura deu certo.

    Os títulos da dupla foram campeões de bilheteria. Além de "O Expresso de Chicago", atuaram em "Loucos de Dar Nó" (1980), "Cegos, Surdos e Loucos" (1984) e "Um Sem Juízo, Outro Sem Razão" (1991). A surpresa para muitos fãs é saber que Wilder e Pryor nunca se tornaram grandes amigos. Os problemas de Pryor com cocaína e heroína minaram a amizade e chegaram a impedir que eles trabalhassem em pelo menos mais dois filmes.

    Wilder dirigiu duas comédias, "O Irmão Mais Esperto de Sherlock Holmes" (1975) e "O Maior Amante do Mundo" (1977), esta destruída pelos críticos.

    Ele só voltaria a dirigir um longa-metragem em 1984, dessa vez para estourar as bilheterias. Em "A Dama de Vermelho", ele soube aproveitar seu talento para tipos comuns e inexpressivos como um sujeito que encontra a mulher mais estonteante do pedaço. O filme lançou a realmente estonteante Kelly LeBrock. Depois ele dirigiu o fraquinho "Lua de Mel Assombrada" (1986), com sua mulher na época, Gilda Radner.

    Wilder não protagonizou um filme para o cinema depois de 1991, atuando raramente em produções para a TV. Disse várias vezes que não gostava do humor do cinema nas últimas décadas, "cada vez mais histérico e sujo". "Prefiro ficar em casa, escrevendo, tomando chá e namorando minha mulher", referindo-se a Karen Boyer, seu quarto casamento. O ator teve um filho com sua segunda mulher, Mary Joan Schutz.

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