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    'Narcos' mostrará o fim de Escobar, mas série seguirá sem o traficante

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    31/08/2016 02h00

    Com elementos mais atraentes aos espectadores da América Latina, "Narcos" talvez tenha surpreendido a própria Netflix ao se tornar uma das séries mais faladas do ano passado nos EUA, com indicações ao Globo de Ouro e ao Emmy, importantes prêmios da TV americana.

    Os envolvidos poderiam se aproveitar do sucesso para esticar a história do chefão do tráfico colombiano, Pablo Escobar, interpretado pelo brasileiro Wagner Moura.

    Mas tomaram a decisão radical para a segunda temporada, que estreia nesta sexta-feira (2/9): adiós, Escobar.

    "Teve gente falando que cometi uma gafe ao revelar que ele morreria e reclamou que era spoiler", afirma Moura à Folha. "Mas a estratégia foi baseada na morte de Pablo." O produtor Eric Newman confirma: "Na primeira temporada, cobrimos 15 anos de história. Na segunda, ele tem mais 18 meses de vida. Não podíamos mudar isso".

    Os dez novos capítulos acompanham o declínio do império de Escobar, após sua fuga da prisão, em 1992, até a morte nos telhados de Medellín, em 1993. "Preciso confessar que é um alívio grande, mas a sensação maior é de ter cumprido meu dever com esse personagem", conta Moura. "[Os policiais] Murphy e Peña passarão por conflitos morais com essa obsessão em matar Pablo."

    A morte do traficante não significa a morte de "Narcos". O diretor José Padilha ("Tropa de Elite"), produtor-executivo da série, diz que "existe uma razão de a série se chamar 'Narcos', e não 'Escobar'", e uma temporada subsequente está nos planos.

    "Se quiser saber sobre o que será a terceira temporada, tudo que precisa fazer é pesquisar a história da cocaína", provoca o cineasta. "Siga o dinheiro, siga as drogas."

    "Narcos" deve partir para retratar outro grande chefão do tráfico. "Não nos comprometemos com nenhuma história ainda. Houve boatos de que El Chapo [o mexicano Joaquín Guzmán] queria um filme ou uma série sobre si no estilo da nossa, mas acho que ele deveria ver como a história termina para Pablo", diz Newman. Ele cita "Homeland" como uma espécie de exemplo para a "vida depois da morte de um protagonista", mas espera que o futuro seja menos conturbado.

    O produtor Chris Brancato, que comandou a primeira temporada com Padilha e Newman, saiu do projeto, e seu substituto, Adam Fierro ("The Shield"), abandonou o barco faltando duas semanas para o início das filmagens da segunda temporada.

    Com Padilha mais ausente –em pré-produção de seu próximo longa, em Londres, e coescrevendo a série "Lava Jato"–, coube a Newman, a Moura e ao diretor Andrés Baiz a missão de segurar as rédeas.

    "Foi diferente sem o Zé [Padilha]", conta Wagner Moura. "Ele é uma força criativa forte, com a qual tenho uma relação próxima. Por outro lado, foi bom ver que a série anda sozinha, porque sempre tivemos liberdade para opinar e sugerir. Estou muito orgulhoso dos novos episódios."

    MADRE TERESA

    Além das mudanças, na fase entre temporadas Roberto Escobar, irmão mais velho de Pablo e ex-membro do cartel de Medellín, escreveu uma carta à Netflix exigindo revisar os episódios e pedindo indenização de US$ 1 bilhão.

    "Só posso tratar isso como uma piada", afirma Padilha. "Ele escreveu um livro que transforma Pablo em Madre Teresa de Calcutá, então, não posso levá-lo a sério. Eles podem até contratar advogados, mas vão perder dinheiro."

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