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    Delatores dizem que secretário de Haddad permitiu concorrência forjada

    GUSTAVO FIORATTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    31/08/2016 13h06 - Atualizado às 19h17

    O cineasta Toni Venturi afirmou, na CPI que investiga irregularidades nas contas do Theatro Municipal, não ter conhecimento de que participou de uma concorrência quando foi contratado para produzir peças audiovisuais pelas quais o teatro pagou R$ 540 mil.

    A informação contradiz registro no Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, organização social que administra o teatro, de que as empresas Mamute Filmes e Sequência 1 participaram do processo.

    A produção dos filmes de Venturi para campanha publicitária do Municipal é investigada por duas razões: porque não foi veiculada na Rede Globo, como previsto —o cineasta afirma que sua obrigação era apenas entregar o produto e não veiculá-lo; e porque suspeita-se que o secretário de comunicação da prefeitura, Nunzio Briguglio, tenha indicado Venturi ao trabalho, o que tanto ele como o secretário negam. Venturi e Briguglio são assumidamente amigos.

    O ex-diretor da Fundação Theatro Municipal José Luiz Herencia afirmou durante a sessão que o processo de concorrência foi forjado com anuência do secretário. O depoimento de Herencia foi acrescido da declaração de William Nacked, ex-diretor do IBGC, também investigado. Nacked afirmou que, por meio de Herencia, houve pressão de Briguglio para que o teatro fechasse contrato com Venturi, mesmo após alerta de que os gastos não estavam no plano de metas do teatro em 2015.

    Com sua empresa Olhar Imaginário, Venturi fez outras campanhas audiovisuais para órgãos públicos onde Briguglio trabalhou, entre eles a Infraero e o Ministério da Educação.

    O cineasta confirmou que a negociação da contratação no Municipal foi feita no início de abril de 2015, em reunião com a presença de Briguglio. A apresentação da proposta de serviço foi feita no dia 17 do mesmo mês, ainda segundo o cineasta. Questionado, ele afirmou à comissão que nunca participou de nenhum processo de licitação em órgãos públicos.

    Na sessão, o vereador Ricardo Nunes apontou diversas irregularidades nos pagamentos à empresa Olhar Imaginário. Disse, por exemplo, que houve transferência de R$ 54 mil um dia antes da emissão da nota fiscal referente ao valor pela empresa. Também questionou Venturi e os demais depoentes sobre pagamentos realizados antes da entrega do produto.

    Sobre as acusações de Herencia e Nacked, Briguglio diz que já forneceu todas as informações pertinentes em seu depoimento na CPI da Câmara.

    Nas notas taquigráficas do depoimento de Nunzio ele explica que seu papel na ocasião se limitou a orientar a Fundação Theatro Municipal a fazer um processo de licitação, eleger uma produtora, produzir um material visual e encaminhar à Globo, que é apoiadora do teatro, para exibição. "Não fiz mais do que isso."

    MOMENTO CÔMICO

    Ao exibir na sessão desta quarta (31) um dos filmes institucionais investigados pela CPI, Venturi pediu para que as luzes fossem reduzidas para "melhor apreciação" do trabalho. O presidente da comissão, vereador Quito Formiga, repreendeu o cineasta: "Doutor Toni Venturi, o plenário não é um cinema".

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