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    Após 11 anos, Wilco volta ao Brasil para divulgar novo álbum, 'Schmilco'

    DAIGO OLIVA
    DE SÃO PAULO

    05/09/2016 02h33 - Atualizado às 09h46

    O Wilco está vindo para o Brasil? Após 11 anos, a resposta para a pergunta de fervorosos e insistentes fãs é "sim".

    Desde outubro de 2005, quando o sexteto de Chicago se apresentou no finado Tim Festival, no Rio, espera-se um retorno da banda ao país.

    Agora, o grupo que mistura rock, country e uma pitadinha assim de jazz vem pela segunda vez para um único show em São Paulo, em 8/10, no qual divulgará "Schmilco", álbum com lançamento marcado para esta terça (6).

    Destaque do festival Popload, a banda de letras diretas sobre dores do cotidiano, que ora passeia pelo folk, ora mergulha em passagens experimentais e é cultuada no cenário de rock alternativo no mundo todo, tocará com os britânicos do Libertines, os nova-iorquinos Battles e Ratatat e a brasileira Ava Rocha.

    Zoran Orlic/Divulgação
    Banda Wilco lança o álbum Schmilco (Zoran Orlic/Divulgação) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Da esq. à dir., Pat Sansone, Nels Cline, Mikael Jorgensen, John Stirratt, Jeff Tweedy e Glenn Kotche

    "Faz muito tempo mesmo desde a última vez. Peço desculpas", brinca com a Folha Jeff Tweedy, 49, guitarrista, vocalista e compositor de boa parte das músicas do grupo.

    "[O Brasil] é longe, fica caro levar o nosso equipamento. Tentamos ir algumas vezes, mas acabou não dando certo."

    Ao anunciar a apresentação no país, a banda mostrou estar atenta aos brasileiros. Usou uma brincadeira criada pela baiana Mariana Neri, que em 2012 colocou no ar um site com uma única pergunta, em inglês, e que rapidamente ficou popular entre os fãs: "O Wilco está vindo para o Brasil?". A banda respondeu "sim!" em suas redes sociais.

    Até o anúncio, a página da brasileira exibia um singelo "não" e fotos de Tweedy com cara de triste. Agora, desfila um histérico "YES!!!!!!", um contador com os dias até o show –faltam 32– e uma montagem dos integrantes em frente ao Masp vestindo camisas da seleção e de times de futebol como o São Paulo.

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    Reprodução
    Capa de 'Schmilco', décimo álbum do Wilco, com capa desenhada pelo espanhol Joan Cornellà
    Capa de 'Schmilco', décimo álbum do Wilco, com capa desenhada pelo espanhol Joan Cornellà

    Joan Cornellà, que emprestou um de seus desenhos com visual fofo -e cheios de humor negro- para a capa de "Schmilco", faz na terça (6), às 18h, sessão de autógrafos na Comix Book Shop (al. Jaú, 1.998, tel. 11-3061-3893).

    "Sou fã dele e fiquei particularmente apaixonado por aquele desenho", afirmou Jeff Tweedy, guitarrista do Wilco, sobre o espanhol, que lançou o livro "Zonzo" no Brasil pela editora Mino.

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    Se o grupo demorou para voltar ao Brasil, não tardou a produzir um novo álbum. "Schmilco", décimo disco de estúdio do grupo, é o segundo em um ano. Tweedy conta que as novas canções surgiram na mesma época do antecessor, "Star Wars", mas é reticente em classificar o álbum como uma continuação.

    "'Schmilco' tem o mesmo senso de espontaneidade de 'Star Wars', mas uma atmosfera muito diferente", explica. "É mais centrado em instrumentos acústicos. Se por um lado é uma continuação, por outro não é algo que você percebe ao ouvir o disco."

    *Leia a crítica do novo álbum do Wilco, 'Schmilco', por André Barcinski

    O lançamento sugere que o repertório da apresentação seja baseado nas músicas mais recentes, mas o líder do Wilco afirma que, no Brasil, também tocará muitas canções antigas, porque "depende do que as pessoas querem ouvir".

    Assim, faixas de "Schmilco" como "If I Ever Was a Child" e "Locator", que já começaram a aparecer nos shows, estarão ao lado de clássicos como "Jesus, Etc.", do celebrado disco "Yankee Hotel Foxtrot", e "A Shot in the Arm", de "Summerteeth".

    Ouça as faixas essenciais

    O repertório do Wilco foi revirado há dois anos, quando o sexteto comemorou 20 anos de trajetória com o lançamento de duas coletâneas e uma extensa turnê. "Hate it Here", hit do disco "Sky Blue Sky" e parte da trilha do filme "Boyhood", pode até ter aparecido em algumas das apresentações, mas Tweedy diz que a faixa é a primeira coisa que vem a sua cabeça entre "centenas de arrependimentos". "Parece que a banda toda está caindo de sono com ela."

    Motivo de orgulho, afirma, é seguir "inspirado e apaixonado pelo o que fazemos após todos esses anos". "Conseguimos manter o melhor do nosso trabalho à nossa frente."

    O melhor do Wilco, ao menos para os fãs, são as letras supostamente confessionais.

    As brigas entre integrantes, que levou o guitarrista Jay Bennett a deixar a banda em 2001 –ele morreu de overdose oito anos depois–, o antigo vício em remédios para enxaqueca de Tweedy e o raro linfoma que quase matou a mulher do vocalista são episódios que alimentam o mito em torno das letras.

    Tweedy, que está escrevendo um livro de memórias, afasta-se da teoria. "Quando sento para compor, tento entrar num senso de descobrimento, que não necessariamente está dentro de mim", diz. "E eu amo esse processo, mais do que andar por aí fantasiando uma vida poética, na qual olho tudo com profundidade. Não me sinto assim."

    A obsessão dos fãs levou à especulação de que a última faixa do novo álbum, "Just Say Goodbye" (apenas diga tchau), fosse um sinal de que o Wilco se separará em breve. Tweedy ri: "Ó, Deus, as pessoas nos levam mais a sério do que nós".

    POPLOAD FESTIVAL
    QUANDO 8/10, a partir das 15h
    ONDE Urban Stage, r. Voluntários da Pátria, 498, São Paulo, tel. (11) 2309-4061
    QUANTO R$ 300 a R$ 700
    CLASSIFICAÇÃO 18 anos

    Edição impressa

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