Jude Law estava empolgado com a oportunidade de trabalhar com o diretor italiano Paolo Sorrentino ("A Grande Beleza" e "Juventude"), até o momento em que ficou claro que o personagem em questão seria o de um conservador e fumante inveterado, o papa fictício Pius XIII.
"Como uma tonelada de tijolos caiu sobre mim que eu interpretaria um papa e eu não sabia direito para onde ir ou o que fazer para oferecer algum peso e credibilidade", disse o ator em uma coletiva de imprensa durante o Festival de Veneza no sábado (3).
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| Jude Law como o papa norte-americano Pius XIII na série 'The Young Pope' |
"Mas Paolo constantemente me lembrava que era uma peça sobre um homem que passa a ser o papa. Uma vez que eu comecei a ver dessa maneira... começou a fazer sentido".
Os primeiros dois episódios da aguardada série televisiva de Sorrentino, "The Young Pope" (o jovem papa, em tradução livre), foram exibidos fora da competição principal do Festival de Veneza.
A série conta a história do órfão Lenny Belardo, que se torna o primeiro papa norte-americano da história e acaba por ser um homem que choca e surpreende.
O início se dá com o novo papa rastejando para fora de uma pilha de bebês dormindo, apenas para revelar que a imagem era um sonho.
Em seu primeiro dia no trabalho, o novo pontífice demanda uma Coca-Cola Cherry Zero no café da manhã, repreende uma freira idosa por beijar sua testa, proíbe o uso de sua imagem como propaganda e recusa ser visto e fotografado em público, até mesmo durante sua homilia inaugural.
Diane Keaton interpreta uma freira que criou Lenny em um orfanato e se torna a secretária particular do papa.
Sorrentino disse que fazer uma minissérie televisiva deu-lhe uma oportunidade maior de se aprofundar nos personagens, ao mesmo tempo em que procurou introduzir elementos cinematográficos.
Ele concordou que sua versão do papa contrasta com a abordagem do atual pontífice do Vaticano, o papa Francisco, mas disse não haver razão para a Igreja Católica não ter esse tipo de líder no futuro.
"É possível que depois de um papa mais liberal haja um com ideias diferentes", disse o diretor.
"Seria muito ingênuo acreditar que a Igreja embarcou em uma longa trajetória em direção ao liberalismo".
Ele disse não estar preocupado com a reação do Vaticano, adicionando que se forem pacientes o suficiente para assistir ao trabalho em sua totalidade, eles o entenderão como uma obra de arte "que examina as contradições e as dificuldades, assim como os aspectos fascinantes do clero, dos padres e das freiras".