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    Rammstein, grupo alemão que toca em SP, teme conservadorismo extremo

    AMANDA NOGUEIRA
    DE SÃO PAULO

    06/09/2016 17h10

    O grupo Rammstein não tem planos de aposentar o teor provocativo de suas canções, alvos de constantes controvérsias, para compor com o intuito exclusivo de agradar aos ouvintes. "Uma banda de rock sempre deveria ser provocativa. Quem além de nós para deixar o mundo alerta de certas realidades?", questiona o guitarrista Richard Z. Kruspe, 49.

    A banda toca nesta quarta (7) no Maximus Festival, no autódromo de Interlagos, para um público que pagou de R$ 440 e a R$ 800 pelo ingresso.

    Carsten Göke/Reprodução
    Till Lindemann veste asas em flamas durante canção "Feuer Frei" em show do Rammstein
    Till Lindemann veste asas em flamas durante show do Rammstein

    Com letras que abordam de questões existencialistas a tabus como incesto e canibalismo, o grupo alemão de metal industrial está acostumado com a censura –o sexto e mais recente álbum, "Liebe Ist für Alle Da", sobre "liberdade sexual", recebeu censura da imagem de Kruspe batendo em uma mulher pelada e da faixa-título. O governo alemão também baniu performances ao vivo da canção.

    Ainda assim, Kruspe se diz surpreso e preocupado com o conservadorismo extremo que percorre o mundo atualmente. "Como ser humano fico muito preocupado, o mundo está fodido e não parece estar melhorando", diz.

    O músico cita o Brexit e a campanha de Donald Trump como exemplos de uma realidade preocupante. "As pessoas estão confusas e é muito fácil agir através do medo dos outros", diz o guitarrista em entrevista à Folha, de Berlim.

    Nos palcos, a banda pode impressionar com suas performances inflamáveis, agressivas e por momentos divertidas, com figurinos e efeitos de pirotecnia característicos.

    "Estamos basicamente interpretando um papel, que tem a ver com nossa personalidade, claro. Acho importante criar essa ilusão entre o artista e o fã", diz Kruspe.

    Mas o teatro se restringe aos shows. Segundo ele, a banda não pretende fingir uma trajetória que não seja genuína.

    Não que já não tenha tentado: no início da carreira, Kruspe passou uma temporada nos EUA para tentar assimilar elementos da cena musical local; Till Lindemann, o vocalista e poeta por trás das canções, até tentou compor em inglês, mas desistiu ao perceber que a essência de suas letras se perderiam na tradução.

    Carsten Göke/Reprodução
    O guitarrista Richard Kruspe durante show em agosto
    O guitarrista Richard Kruspe durante show em agosto

    "No fim das contas, você vê o quanto perde pensando em carreira. As pessoas se preocupam mais com os likes no Facebook do que com a música que querem fazer."

    Para o guitarrista, a conquista de um resultado único é o que une os integrantes –exceções às regras, eles seguem com a formação original há mais de duas décadas. "Passamos por momentos obscuros e eu fiz terapia para continuar, mas, quando olhamos para trás, o maior desafio como ser humano é ver o gênio no coletivo e perceber que o que criamos é maior do que nossos egos."

    *

    OUTRAS ATRAÇÕES

    A primeira edição do Maximus Festival, que pretende mostrar nomes da cena de rock mundial, conta com 11 bandas internacionais e quatro nacionais em 12 horas de shows no autódromo de Interlagos.

    Além de Rammstein, destacam-se os norte-americanos Marilyn Manson, Halestorm e Disturbed. Representando o cenário nacional, apresentam-se bandas como Project 46, Far From Alaska e Ego Kill Talent.

    MAXIMUS FESTIVAL
    QUANDO Quarta (7), às 11h (abertura dos portões)
    ONDE autódromo de Interlagos, av. Sen. Teotônio Vilela, 261
    QUANTO de R$ 440 a R$ 800 p/ livepass.com.br
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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