• Ilustrada

    Thursday, 16-May-2024 22:02:43 -03

    CRÍTICA

    Roteiro resume mal trama muito ampla de 'Herança de Sangue'

    SÉRGIO ALPENDRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    08/09/2016 02h01

    Divulgação
    CENA DE Heranca de sangue [Blood fathers, Estados Unidos, 2015], de Jean-François Richet (California Filmes). Gênero: ação. Elenco: Mel Gibson, Elisabeth Röhm, Thomas Mann ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Erin Moriarty e Mel Gibson em cena de "Herança de Sangue"

    O diretor parisiense Jean-François Richet tornou-se conhecido com "Assalto à 13ª Delegacia" (2005), refilmagem pouco imaginativa do clássico de John Carpenter, de 1976.

    De volta a sua terra natal, causou certo barulho com as duas partes de "Inimigo Público Nº 1" (2008), sobre o gangster Jacques Mesrine (vivido por Vincent Cassel).

    Após mais um filme francês, "Doce Veneno", refilmagem de um longa de Claude Berri, Richet volta aos Estados Unidos para trabalhar com Mel Gibson, astro cujo carisma é proporcional à capacidade de causar problemas.

    O resultado é "Herança de Sangue", thriller baseado em romance de Peter Craig (que também escreveu o roteiro, com Andrea Berloff).

    Gibson é John Link, ex-presidiário que reencontra a filha, Lydia (Erin Moriarty), enquanto ela foge de traficantes da pesada com os quais se envolveu. O principal antagonista é Jonah (Diego Luna), que costumava usar Lydia, então sua namorada, para ludibriar um temido cartel com a ajuda de sua gangue.

    A grande questão é que o longa, de aparência simples, precisava de tratamento à altura: sem firulas, direto, seco.

    Até certo ponto, é exatamente o que temos. Os acontecimentos se sucedem como num "road movie" B dos anos 1970, com perseguições em estradas que cortam desertos e carrões antigos que só funcionam quando querem.

    Contudo, algumas manobras narrativas revelam-se desinteressantes. O filme fica no meio do caminho entre desenho psicológico dos personagens e pura ação física.

    Nesse caso, a relação entre pai e filha carece de maior aprofundamento, assim como o comportamento desses personagens, que mudam de personalidade como quem troca de roupa.

    É um problema de estrutura narrativa e pode ter sido causado por um roteiro que resumiu mal uma trama mais ampla. Pena, pois Craig vinha dos interessantes roteiros que escreveu para os últimos longas de "Jogos Vorazes".

    Assim, ou se trabalhava num difícil processo de limpeza, de corte do assessório, ou se assumia o complexo recorte psicológico dos personagens. O meio-termo resultante do impasse não convence.

    HERANÇA DE SANGUE
    (BLOOD FATHER)
    DIRETOR Jean-François Richet
    ELENCO Mel Gibson, Erin Moriarty, Diego Luna
    PRODUÇÃO EUA, 2016, 14 anos
    QUANDO estreia nesta quinta (8)

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024