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    Nathalia Timberg investiga Beethoven no espetáculo '33 Variações'

    MARIANA MARINHO
    DE SÃO PAULO

    09/09/2016 02h15

    Aos 86 anos, Nathalia Timberg ainda fica tensa em cena. A carga de emoção, ela explica, é tanto por pisar num palco que nunca esteve, o Teatro Nair Bello, quanto pela marca que a peça "33 Variações" deixa em sua trajetória.

    Com o espetáculo, que chega a São Paulo nesta sexta-feira (9), ela inaugurou no começo do ano, no Rio de Janeiro, um teatro que leva seu nome. "Imagina o que é para um ator assumir essa responsabilidade", afirma.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Sao Paulo, SP, Brasil. Data 07-09-2016. Espetaculo 33 Variacoes. Atores Nathalia Timberg (esq) e Wolf Maya. Teatro Nair Bello. Foto Lenise Pinheiro/Folhapress
    Nathalia Timberg e Wolf Maya na montagem brasileira

    A construção do espaço é uma homenagem de Wolf Maya à atriz, com quem estabeleceu parceria teatral em "Meu Querido Mentiroso" (1988) e "Paixão" (1995).

    É ele, também, quem assina a direção de "33 Variações" e integra o elenco da montagem ao lado de André Dias, Lu Grimaldi, Flávia Pucci, Gil Coelho e Gustavo Engracia –há 20 anos Maya não atuava no teatro.

    Escrita pelo autor venezuelano Moisés Kaufman, a peça estreou em Nova York em 2009 e recebeu cinco indicações ao Tony. De acordo com Maya, a versão brasileira não se inspirou na norte-americana. "Modifiquei certas cenas para torná-las um pouco mais contemporâneas", diz. "Queria que o público jovem também curtisse."

    VALSA

    O texto, traduzido para o português por Timberg, gira em torno das 33 variações criadas por Ludwig van Beethoven, entre 1819 e 1823, para a valsa do compositor austríaco Anton Diabelli.

    "É uma das peças mais difíceis do repertório pianístico", afirma a pianista Clara Sverner, que toca todas elas ao vivo durante o espetáculo.

    Trata-se de um "musical erudito". "Mas com elementos que fazem com que as pessoas de fora do ramo também consigam se envolver", afirma o diretor.

    O enredo traça um paralelo entre a história de uma musicóloga (Timberg) que vive na Nova York do século 20 e a do próprio Beethoven (Maya) na Áustria do século 19. Ela tenta descobrir o que levou o compositor alemão a ficar obcecado por uma "obra banal" como a de Diabelli.

    Kaufman tem como ponto chave de sua dramaturgia as transfigurações pelas quais passam os personagens em suas ações e em seus próprios corpos: o compositor está ficando surdo e a pesquisadora luta contra a esclerose.

    "A personagem, como ela própria diz, vai ficando numa flácida carcaça", afirma Timberg. "Não fazemos um tratado sobre a doença, mas fui conversar com um médico especialista para realizar a transposição da esclerose para o palco."

    Entre esta composição de duplos em relação às trajetórias dos personagens centrais, há tramas paralelas, como o romance entre a filha da musicóloga e um enfermeiro.

    "No texto há um equilíbrio entre chegar fundo a um assunto, mas, ao mesmo tempo, em manter certa leveza", explica a atriz.

    33 VARIAÇÕES
    QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h; até 11/12
    ONDE Teatro Nair Bello - shopping Frei Caneca, r. Frei Caneca, 569, Consolação, tel. (11) 3472-2414
    QUANTO R$ 120
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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