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    Com trilha de Mahler executada ao vivo, Balé da Cidade estreia 'Titã'

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    10/09/2016 02h22

    "Titã", a estreia do Balé da Cidade neste sábado (10), "é algo diferente de tudo o que a companhia produziu até agora", diz a diretora artística Iracity Cardoso. Trata-se de uma produção com um diretor mais conhecido por seu trabalho em ópera, Stefano Poda.

    "Vamos falar sobre a vida, a espiritualidade, as angústias e alegrias do ser humano", afirma. "Estamos precisando de um pouco de elevação, e nada melhor do que a arte para nos elevar e levar o público a buscar algo maior do que toda essa realidade que estamos vivendo."

    Rodrigo Machado/Folhapress
    Bale da Cidade de Sao Paulo no espetaculo Tita FOTO Rodrigo Machado/Folhapress ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Corpo do Balé da Cidade durante o espetáculo 'Titã'

    O diretor italiano Stefano Poda, que aos 43 anos já assinou cerca de cem produções na Europa e nas Américas, conta que o espetáculo nasceu do encontro com a companhia paulistana durante a montagem da ópera "Thaïs", no ano passado, e de seu amor de infância pelo compositor Gustav Mahler (1860-1911) –a "Sinfonia nº 1" ou "Titã", trilha do espetáculo, será executada ao vivo pela Orquestra Sinfônica Municipal, regida por Eduardo Strausser.

    "Mahler faz na música o que Proust faz na literatura, mergulha na alma. Isso me oferece a oportunidade de fazer um trabalho muito coerente com a dor de nosso tempo, um tempo que quer ser novo e já não é, uma época difícil, de transição", diz Poda.

    A angústia toma forma no palco com os 34 bailarinos da companhia tendo que dançar sobre o palco totalmente coberto por grãos de arroz. Os corpos se deslocam em massa, em grupos, duos ou sozinhos como se estivessem atravessando dunas do deserto.

    Todo o elenco dança, sem parar, durante os 70 minutos do espetáculo. "Os bailarinos 'morrem' sete vezes a cada segundo e renascem. E sempre com esse cansaço terrível. Quero trabalhar a verdade, só o conceito não serve, então uso o cansaço físico de verdade. E o elenco corresponde de forma incrível", diz Poda.

    CRISE

    "Titã" emerge em meio à crise na Fundação Theatro Municipal, iniciada com a descoberta de rombo milionário nas contas da instituição e marcada, nesta semana, pelo afastamento de seu diretor artístico, John Neschling.

    Em 2015, antes de a crise estourar, o Balé ficou meio de escanteio na programação do Municipal, em que a maior parte da verba e da agenda do teatro foi para produções de óperas e concertos. Entre outras coisas, a companhia de dança teve de fazer suas estreias em outros teatros.

    "Foi um ano difícil, não só por estarmos fora de nossa casa, mas porque tivemos um corte grande de verba, e só no final de ano descobrimos o porquê", diz Cardoso.

    O custo da produção de "Titã" foi de R$ 532 mil. Para as apresentações de "El Amor Brujo", do grupo catalão La Fura dels Baus, em julho, a Fundação Theatro Municipal declarou ter pago R$ 878 mil.

    BALÉ DA CIDADE - TITÃ
    QUANDO sáb. (10), ter. (13) e qua. (14), às 20h; dom. (11), às 17h
    ONDE Theatro Municipal de São Paulo, pça Ramos de Azevedo, s/nº, tel. (11) 3053-2100
    QUANTO de R$ 25 a R$ 90, 16 anos

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