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    Desenhos da fauna brasileira feitos por Frans Post vêm à tona na Holanda

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    09/09/2016 16h46

    Um conjunto de 34 desenhos da fauna brasileira realizados por Frans Post no século 17 acaba de ser descoberto na Holanda. As obras estavam num arquivo em Haarlem e deverão ser mostradas pela primeira vez em breve pelo Rijksmuseum, em Amsterdã.

    Essa descoberta não só revela a visão de Post dos estranhos animais que encontrou durante sua estada no Brasil, de 1637 a 1644, como também entra para a história como os únicos desenhos -24 guaches e aquarelas coloridas e dez desenhos em grafite- conhecidos desse artista.

    Sem outras obras do tipo para fazer uma comparação, o pesquisador Alexander de Bruin só chegou à conclusão que de fato se tratava de obras de um dos maiores paisagistas do Brasil holandês ao encontrar dois desenhos de uma capivara -uma versão quase idêntica do bicho aparecia numa pintura já conhecida de Post, dada de presente ao rei Luís 14, da França.

    Reprodução
    Desenho de um tatu realizado por Frans Post no século 17
    Desenho de um tatu realizado por Frans Post no século 17

    Mas essa tela a óleo que mostra a foz do rio São Francisco e está hoje na coleção do Louvre, em Paris, tem uma diferença significativa em relação ao desenho encontrado agora. No quadro, o animal aparece sem coleira, enquanto no desenho foi retratado amarrado, o que prova que a obra encontrada agora era na verdade um estudo para a pintura.

    O fato de ter sido visto em cativeiro e depois reinventado num contexto de natureza selvagem também revela como Post construiu uma visão menos realista das paisagens do novo mundo do que se imaginava na Europa.

    De acordo com De Bruin, esses estudos representam o "elo perdido" entre a viagem de Post ao Brasil e as pinturas que o artista terminou mais tarde, depois do retorno à Holanda.

    Embora o conjunto recém-descoberto estivesse num arquivo de 1667, é provável que os desenhos tenham sido realizados durante sua passagem pelos trópicos e só mais tarde catalogados dessa forma, quando já haviam servido de base para muitas outras obras.

    Post também se preocupou em acrescentar anotações sobre o comportamento -e o gosto- dos bichos retratados. Além da agora famosa capivara, ele documentou tatus, que eram "bons de comer, têm gosto de frango", macacos, que podiam ser "raivosos e maliciosos", micos, mais "amigáveis e simpáticos", crocodilos, onças, "cruéis e destruidoras", porcos-espinhos, gambás, além de visões únicas de uma lula, um tamanduá e uma cobra.

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