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    Globo segue tática da Netflix e estreia série 'Supermax' hoje on-line

    GABRIELA SÁ PESSOA
    DE SÃO PAULO

    16/09/2016 02h00

    A Globo pode prender sua audiência digital em "Supermax". A partir desta sexta (15), todos os 11 primeiros episódios do seriado, ambientado em um presídio de segurança máxima, poderão ser vistos de uma tacada só pelos assinantes do Globo Play, aplicativo de vídeo da emissora. Como uma produção da Netflix.

    Praticantes do "binge-watching" –o hábito de ficar atado a uma série até esgotá-la–, porém, terão de esperar. O final irá ao ar em 13/12, junto com a TV, em que a produção só estreia na terça (20).

    É a primeira vez que uma emissora brasileira adota esse modelo de distribuição. No mundo, a pioneira foi a americana NBC, também aberta, com o seriado "Aquarius".

    Não que a Globo já não estivesse testando a plataforma, lançada em novembro de 2015.Capítulos da minissérie "Justiça", atualmente no ar, ficam disponíveis horas antes da TV para assinantes do Globo Play. Na semana passada, cravou audiência média de 24,3 pontos no Ibope, ou 16,6 milhões de telespectadores em todo o país, a 7º maior do canal.

    A tática não substitui a TV, mas a complementa. E busca atender quem não pode estar no sofá de casa na hora exata do programa, explica por e-mail Amauri Soares, diretor de programação do canal.

    "Na experiência com 'Supermax', estamos conseguindo algo extraordinário, que é juntar o melhor da experiência 'on demand', com o 'binge-watching', e o melhor da experiência coletiva, que é a 'televisão evento', quando todos verão juntos, na Globo, o último episódio da série."

    SOBRENATURAL

    Tudo parece diferente dos padrões brasileiros em "Supermax", além da distribuição on-line. A série começou reunindo seis roteiristas em sessões numa sala de igual às "writing rooms" americanas, onde escrevem e debatem cada episódio por horas.

    Chefiados por Marçal Aquino, Fernando Bonassi e pelo diretor artístico José Alvarenga Jr., criaram uma trama que começa como reality show. Logo os participantes descobrem que o programa acabou, não há mais regras, e o que está em jogo não são R$ 2 milhões, mas sobreviver encarcerados com criaturas do mal, em eventos sobrenaturais.

    A realidade se converte em um show de horror, gênero pouco explorado na TV brasileira e, para Marçal Aquino, a maior ousadia do seriado. "Corremos riscos, e isso é maravilhoso na TV aberta. São novos tempos. Às vezes se paga um preço alto, e não conseguimos chegar lá. É difícil auscultar o público, e fascinante ao mesmo tempo", ele diz.

    Alvarenga vê uma "demanda para obras como 'Stranger Things', e a Globo entende isso". Algo, porém, escapou das práticas da "writing room" americana. "Não pensamos em uma segunda temporada, falha nossa. Achávamos que era muito novo, e a realização foi cansativa."

    Acabaram escrevendo sinopses para mais dois anos de "Supermax", quem diria, a pedido de um canal americano, com quem a Globo negocia (e Alvarenga não quis revelar).

    "Eles viram, acharam tudo lindo. Mas a primeira pergunta foi: cadê o segundo o terceiro ano? Escrevemos em dez dias, uma correria. E ficou bom. Mas não sei se temos como fazer para o ano que vem", diz.

    Antes é preciso, diz Aquino, esperar se a série falará "com o coração do público. É o que vai fazer a segunda temporada valer a pena".

    O segundo ano de "Stranger Things" só foi fechado após a euforia em torno primeiro. A audiência –que na internet, assim como a Netflix, a Globo não revela– dirá.

    COMO FUNCIONA O GLOBO PLAY

    O que é?
    Lançado em novembro de 2015, aplicativo permite ver programação ao vivo e todo o acervo da emissora desde 2010

    É grátis?
    Sim. Mas para ver a íntegra, sem pausas, é preciso assinar, a R$ 14,20 mensais. De graça, os vídeos vêm picotados e com anúncio –agora, o Globo Play já reproduz o próximo vídeo automaticamente, como a Netflix. Os assinantes têm acesso a conteúdo exclusivo

    Quem assiste?
    Como a Netflix, a emissora não revela dados de audiência na web. No total, foram 8 milhões de downloads em celulares, TVs com internet e outros aparelhos. O público é em sua maioria feminino, tem entre 25 e 49 anos, e do Rio e SP

    E a concorrência?
    SBT (grátis) e Record (R$ 10,90) colocam a sua programação no YouTube depois da TV

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