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    Ex-diretoras da Cosac Naify abrem nova editora

    MAURÍCIO MEIRELES
    DE SÃO PAULO

    17/09/2016 02h00

    Adriano Vizoni/Folhapress
    SAO PAULO - SP - BRASIL, 08-09-2016, 14h20: EDITORA UBU. Retrato das tres socias da editora Ubu. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress, ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO FSP***
    Gisela Gasparian, Florencia Ferrari e Elaine Ramos (da esq. para a dir.)

    "Só vamos sair daqui quando estivermos a ponto de matar alguém!" Florencia Ferrari, ex-diretora editorial da Cosac Naify, diz a frase e aponta para o cenário espartano à sua volta: pé-direito alto, estantes de metal, bancadas de madeira –o luxo é só uma varandinha.

    É nesse lugar, em um prédio no largo do Arouche, que ela e Elaine Ramos, ex-diretora de arte da Cosac, botam de pé sua nova casa, a editora Ubu. Às duas, veio juntar-se Gisela Gasparian, ex-executiva de fundos de investimento –e neta de Fernando Gasparian, fundador da editora Paz e Terra.

    O escritório minimalista –e a sócia que acha planilha "uma delícia"– já mostra a principal diferença entre a Ubu e a Cosac Naify: a nova editora precisa botar tudo na ponta do lápis, porque não há um mecenas para vir em seu socorro.

    A Cosac acabou, como Charles Cosac fez questão de repetir quando anunciou o fim da empresa, mas suas ex-funcionárias não podem deixar de ser quem são. Assim, é claro que a Ubu lembra aqui e ali o trabalho da extinta editora.

    Não só pelos 35 livros que comprou da Cosac –selecionados entre os 200 mais vendidos –, mas pelo perfil editorial. O catálogo da Ubu, afinal, é parecido com o da Cosac: ciências humanas, literatura, crítica, artes visuais, cinema, livros de referência.

    "É interdisciplinar, como era o da Cosac. Não conseguimos fazer livros de uma única disciplina", diz Florencia.

    A qualidade visual, dizem as três sócias da Ubu, será de alto padrão –mas, por economia, o design não está solto para se refestelar no mundo mágico da produção gráfica.

    O trio traz para a nova casa o conhecimento de quem viu a Cosac Naify funcionar por dentro. Lembrando dos números de lá, Elaine e Florencia sentaram com Gisela para ver se o projeto era viável.

    "Não é um mercado tão pessimista assim. O custo fixo da Cosac era gigante. Temos zero megalomania, com previsões modestas", diz Gisela, lembrando que a nova editora não fará promoções agressivas em seu site.

    Vale dizer que a Ubu tem Cristina Pinho de Almeida, investidora de vários ramos, que ajudou a botar o negócio de pé. Embora ela não fique com a faca no pescoço do trio, esperando que a empresa valha milhões para ontem, também não é um investimento a fundo perdido. É um dinheiro amigo, mas a Ubu precisa dar certo.

    O primeiro lançamento, que chega às livrarias neste mês, é a edição crítica de "Os Sertões", organizada por Walnice Nogueira Galvão, que a Cosac não teve tempo de lançar.

    No prelo, também está "O Supermacho", de Alfred Jarry (autor de "Ubu Rei", que dá nome à editora), com uma tradução revisada de Paulo Leminski. Um livro infantil de Antonio Prata, "Jacaré, Não!", também vem por aí em breve.

    "Vimos que havia um lugar vazio. E é um lugar de nicho. Nossa ideia é focar nisso. Precisamos trabalhar bem o nosso público para conquistar o nosso lugar", diz Florencia.

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