Talvez a palavra não esteja mais dando conta de explicar a sociedade e dançar seria uma forma de buscar sentido nela, questiona-se Josafá Filho. É com "mais dança do que falas" que o bailarino, ator e diretor estreia nesta terça (20) o espetáculo "Spanda".

Foi da ideia de rave que o encenador partiu para falar da forma desconexa como as pessoas se relacionam hoje, interagindo cada vez menos e de forma mais efêmera.

	Lenise Pinheiro/Folhapress
	O ator, bailarino e direto Josafá Filho durante ensaio do espetáculo "Spanda" no espaço Superloft

Inspirou-se no livro "Festa Infinita: O Entorpecente Mundo das Raves", de Tomás Chiaverini, e na pesquisa do psicanalista Jorge Forbes –em especial no seu conceito de "monólogos articulados", ideia de que pessoas possam ficar juntas sem se compreenderem.

Em cena, Josafá (que divide a direção com Roberto Áudio) e a bailarina Márcia Ylana interpretam um homem e uma mulher que não se veem, mesmo estando um ao lado do outro. Dançam, cruzam-se, mas logo se afastam.

Quase todo composto de movimentos, acompanhados de músicas que vão de batidas fortes a um melodioso tango, o espetáculo é pontilhado por textos que divagam sobre o tempo e as relações.

Também é dividido em três partes, nomeadas "planície" (sobre a ansiedade contemporânea), "floresta" (o que ainda há de interações físicas nas relações) e "oceano" (a ideia de que a sociedade hoje tem menos hierarquias).

Nesse mundo de incompreensões, Josafá buscou uma língua morta para nomear seu trabalho. "Spanda" é um termo sânscrito que define a vibração que une os indivíduos. "Não estamos aqui para apresentar respostas, mas para dançar perguntas."

SPANDA
QUANDO ter. e qui., às 20h30; até 13/10
ONDE Superloft, r. Cardeal Arcoverde, 2.926, s/ tel.
QUANTO R$20 (antecipado, pelo site eventicket.com.br) e R$25
CLASSIFICAÇÃO livre