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    Museu de Buenos Aires faz 15 anos, prepara filial e reconfigura o acervo

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    21/09/2016 02h15

    Pablo Jantus/Divulgação
    Na sala de entrada da nova exposição, destaca-se a escultura 'Hongo Nuclear' (2006), do argentino León Ferrari; mais adiante e no centro, 'Abaporu' (1928), de Tarsila do Amaral
    "Abaporu"' (1928), de Tarsila do Amaral, no Malba

    No dia em que completa 15 anos, nesta quarta (21), o Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires) inaugura uma exposição de sua coleção permanente que reafirma a identidade que leva em seu nome.

    Foram dois anos de trabalho para desenvolver a nova mostra, que tem a experiência latino-americana como linha condutora. Nas últimas três semanas, apenas exibições temporárias ficaram abertas para uma reforma que derrubou algumas salas e extinguiu as paredes azuis do museu. Tudo para dar mais destaque às obras.

    "É uma leitura feita de dentro, não de acordo com postulados das correntes do norte. Acredito que é uma nova aposta na nossa própria identidade", diz Eduardo Costantini, fundador da instituição.

    No anúncio das comemorações de 15 anos do Malba, Costantini afirmou também que planeja abrir um novo museu em Buenos Aires. A ideia é instalá-lo perto da Villa 31, uma das maiores favelas da capital argentina.

    "Seria uma instituição de integração social por meio da cultura", diz o fundador.

    Para concretizar o projeto, Costantini pediu ao governo federal e ao da cidade de Buenos Aires a cessão de uso de um terreno. Ainda não há definições sobre o andamento das obras ou a respeito das peças que seriam exibidas no local, embora a intenção é que sejam de arte contemporânea.

    NOVIDADES

    A preparação para a nova mostra, batizada de "Verboamérica", incluiu a destruição de algumas salas do museu e a pintura de todas as paredes de branco. Com a reforma, também aumentou de 100 para 168 as peças em exibição. Além dessas, a Fundação Malba possui outras 420 obras.

    A ordem cronológica em que as peças estavam dispostas no espaço acabou, dando espaço para oito núcleos temáticos, como "Campo e Periferia" e "Trabalho, Multidão e Resistência".

    Os termos usados pela história da arte –cubismo, por exemplo– foram apagados e substituídos por alguns relacionados à cultura latino-americana, como antropofagia, neoconcretismo e indigenismo.

    "Em vez de vermos [o cubano] Wilfredo Lam como um surrealista, podemos vê-lo como um artista que se envolveu como nenhum outro na representação dessas culturas [latino-americanas]", afirma a curadora de "Verboamérica", a argentina Andrea Giunta.

    De acordo com o diretor artístico do museu e curador da exibição, o espanhol Agustín Pérez Rubio, ao romper com o critério cronológico, "Verboamérica" busca aproximar o Malba dos visitantes que não conhecem nem os movimentos artísticos nem a história da arte.

    "Uma série de temas comuns a eles, como trabalho e sexualidade, centro e periferia, torna o conteúdo [do acervo] mais acessível."

    BRASILEIROS

    "Abaporu", de Tarsila do Amaral (1886-1973), ganhou mais relevância na nova mostra e agora abre dois núcleos, um destinado a corpos e sexualidade e outro à América indígena e negra.

    Já Hélio Oiticica (1937-1980) teve seu "B29 Bólide-caixa 16" endireitado. No meio da reformulação do museu, um pesquisador do Malba descobriu que a obra foi projetada para ser exposta na vertical, e não na horizontal, como ficava até então.

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