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    'A escolha continua sendo entre socialismo e barbárie', diz Verissimo

    AMANDA NOGUEIRA
    DE SÃO PAULO

    24/09/2016 02h33

    "Depois de uma certa idade é temerário fazer aniversário. Que agonia! Todo 'parabéns' soa, mesmo dito numa boa, como ironia", escreve Luis Fernando Verissimo em trecho do livro "As Mentiras que as Mulheres Contam".

    Prestes a completar 80 anos nesta segunda (26), ele parece nem ter visto o tempo passar. "A gente se distrai e, quando vê, está com 80 anos. Deveria haver um curso preparatório para a velhice", diz.

    Se houvesse, seria professor: "Fora a cardiopatia, a diabete, a visão fraca, e a lombalgia, vou muito bem".

    Eduardo Anizelli - 18.fev.2016/Folhapress
    SAO PAULO - SP- 18.02.2016 - 12h30 - MESA 4 - CRONICA - O cronista Luis Fernando Verissimo, que escreve para o jornal "O Globo", durante debate da quarta mesa, com mediacao de Alcino Leite Neto, durante Evento Folha 95 anos. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapres, PODER)
    Luis Fernando Verissimo em evento de 95 anos da Folha

    Autor de tantas publicações quanto as primaveras que coleciona –entre contos, crônicas, romances e quadrinhos, fica difícil precisar–, ele acredita que ninguém se sinta plenamente realizado.

    "Gostaria de poder voltar no tempo e dar uma revisada nas bobagens e palpites errados que cometi", faz mea-culpa, sem apontar os deslizes.

    Ele ganha, em outubro, uma antologia com suas frases mais memoráveis, selecionadas pelo publicitário e jornalista Marcelo Dunlop.

    Leitor do cronista, Dunlop partiu de uma pasta de recortes de jornais que guardava desde a infância para montar o livro que reúne cerca de 800 verbetes, além de cartuns raros.

    DESILUDIDO

    Mesmo sem deixar o humor de lado, Verissimo fala de coisa séria. Algo que vem treinando desde o início da carreira; afinal, ele passou a assinar sua primeira coluna no auge da ditadura militar.

    Lamentando um retrocesso e alinhando-se entre os creem que houve no Brasil um golpe, ele se diz "desiludido porque o socialismo não está exatamente em alta".

    "Penso que cedo ou tarde as pessoas se darão conta de que a escolha continua sendo entre socialismo e barbárie".

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    Enquanto esse dia não chega, Verissimo lapida sua melhor arma. "A sátira tem força política porque, geralmente, os regimes repressivos têm medo do ridículo".

    Ele cita "O Pasquim" como um exemplo de publicação que manteve viva a ideia de irreverência e, com isso, ajudou a acabar com a ditadura.

    "O que a sátira e o jornalismo de opinião devem cultivar é essa recusa de reverenciar o que quer que seja, salvo a liberdade."

    *

    VER!SSIMAS
    AUTOR Marcelo Dunlop (org.)
    EDITORA Objetiva
    QUANTO R$ 44,90 (264 págs.)

    Edição impressa

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