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    Moda

    Crítica

    'Dicionário de Moda' destrincha ofício sob perspectiva histórica

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    24/09/2016 02h06

    As tendências de moda são ecos da passarela produzidos para que pessoas se vistam de acordo com suas próprias referências de estilo. Mas para toda equação, no caso da moda, há um universo de possibilidades e fórmulas.

    É sobre a relação entre matéria-prima e produto acabado que se debruça o "Dicionário de Moda". O livro traz vasta pesquisa etimológica e imagética e seu mérito é suprir a falta de títulos similares que expliquem os verbetes em sua gênese.

    Dividido em capítulos de significado amplo, como alfaiataria e bolsas, o dicionário não segue a ordem alfabética comum ao gênero. Faz com que o leitor passeie pelos temas, encabeçados por uma introdução histórica.

    Os autores registram a relevância dos produtos e das técnicas no contexto em que foram criados. Assim, a publicação se diferencia de outro título da editora, "Moda de A a Z", lançado em 2011.

    Saber que a estilista inglesa Mary Quant popularizou o vestido-avental, ou "jumper", num momento de mudança de costumes dos jovens londrinos da década de 1960, ajuda a entender, por exemplo, como a belga Diane von Fürstenberg, pouco tempo depois, nos anos 1970, colocou o vestido-envelope no corpo das nova-iorquinas.

    Sobram fatos curiosos e desconhecidos pelo grande público e até mesmo dos iniciados na moda.

    Dicionário De Moda
    Emily Angus, Macushla Baudis, Philippa Woodcock
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    O termo "silhueta" é um exemplo. Comum no vocabulário fashion, ele vem de um antigo ministro das Finanças francês, Etienne de Silhouette (1709-1767).

    Para que governo não gastasse dinheiro com retratos caros, Silhouette sugeriu que fossem produzido desenhos simples, com os contornos das feições do retratado. Sem saber, definiu ali um padrão importante para o registro da produção de moda.

    A história do terno também ganha destaque na obra. O conjunto de três peças formado por colete, calça e paletó, virou base do guarda-roupa masculino desde que o rei Carlos 3º, na restauração do trono britânico, em 1660, surgiu com um casaco na altura dos joelhos, colete e culotes.

    O aspecto social, econômico e político aparece assim em 800 termos, preenchidos por fotos de passarela, croquis e retratos que ajudam estudantes e curiosos a desenvolver sua leitura pessoal da moda.

    DICIONÁRIO DE MODA
    AUTORES Emily Angus, Macushla Baudis e Philippa Woodcock
    TRADUÇÃO Gabriela Erbetta, Julia Debasse, Julia Gouveia
    EDITORA Publifolha
    QUANTO: R$ 94,90 (352 págs.)

    Edição impressa

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