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    CRÍTICA

    Italiano controla chantagem emocional com riscos

    CÁSSIO STARLING CARLOS
    CRÍTICO DA FOLHA

    26/09/2016 02h01

    Divulgação
    A atriz Olga Kurylenko em cena de 'Lembranças de um Amor Eterno'; ela é Amy Ryan no filme de Giuseppe Tornatore
    A atriz Olga Kurylenko em cena de 'Lembranças de um Amor Eterno'; ela é Amy Ryan no filme de Giuseppe Tornatore

    Histórias românticas maiores que a vida circulam por aí desde que o mundo existe. A dificuldade maior é fazê-las surpreender. "Lembranças de um Amor Eterno", filme mais recente de Giuseppe Tornatore, tenta renovar a tradição extrapolando o improvável e criando um romance que mistura tecnologias contemporâneas ao fascínio pela infinitude.

    O diretor italiano que conquistou o mundo com "Cinema Paradiso" nunca mais conseguiu reproduzir seu maior sucesso. A assinatura continuou atraindo fãs de primeira hora, mas também tornou mais evidentes as fragilidades de um cinema que se apoia demais no sentimentalismo.

    O título "Lembranças de um Amor Eterno" sugere um daqueles derramamentos enjoativos que deram fama a Franco Zefirelli no passado, mas Tornatore afirma seu talento ao controlar um material cheio de riscos.

    A trama reúne Amy, jovem estudante que trabalha como dublê em filmes, e Ed, astrofísico mais maduro que ela. Como ele é casado, a paixão é vivida à distância, por meio de conversas virtuais, cartões e mimos que ele envia quase diariamente.

    Essa ausência logo se transforma em sentimento de vazio e perda quando um fato maior impõe o fim do caso.

    Mesmo quando apela para as lágrimas, Tornatore não deixa de dar atenção aos efeitos que a tecnologia vem produzindo nos afetos. Em vez de se entregar ao lamento nostálgico pelo que deixou de existir, o realizador explora o artifício para prolongar sua história com outros meios.

    Ao dar vazão à fantasia, Tornatore diminui a dependência que seu cinema tem da chantagem emocional. O resultado não chega a ser brilhante, mas dá para assistir sem conferir o relógio a cada cinco minutos.

    LEMBRANÇAS DE UM AMOR ETERNO
    DIREÇÃO: GIUSEPPE TORNATORE
    ELENCO: JEREMY IRONS, OLGA KURYLENKO E SIMON JOHNS
    PRODUÇÃO: ITÁLIA, 2016, 12 ANOS
    QUANDO: EM CARTAZ

    Edição impressa

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