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    Em peça, garota é expulsa de sua casa para a chegada dos Jogos Olímpicos

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    30/09/2016 02h15

    Um recorte de jornal com a imagem de jovens numa prisão superlotada na Romênia e a lembrança da Olimpíada de Atlanta (1996), quando moradores de regiões pobres foram expulsos de suas casas para a realização dos jogos, levaram o franco-canadense Daniel Danis a criar "Kiwi".

    "Fazemos isso em várias situações. Escondemos a miséria em vez de tentar acabar com ela", diz o dramaturgo.

    Escrito há 20 anos e montado pela primeira vez em 2008, no Canadá, o espetáculo ganha sua primeira versão brasileira neste sábado (1º).

    Conta a história de uma garota, Kiwi (Rita Batata), que é expulsa da região pobre onde vive, já que ali serão construídas as vilas dos próximos Jogos Olímpicos. Fugindo, encontra outros jovens, um clã de rebeldes, todos com codinomes de frutas ou legumes: sentem-se excluídos, não poderiam ter alcunhas normais, explica o dramaturgo. "E adotam nomes saborosos, que trazem boas lembranças."

    Tudo é narrado por Kiwi e seu amigo Lichia (Lucas Lentini), num tom entre o drama e o esperançoso. "A obra tem equilíbrio entre a poesia da narrativa e a dureza da história", explica Lucianno Maza, que assina a tradução e a direção da montagem nacional –com a estreia da peça, o texto em português sairá em livro, pela editora Benfazeja.

    Danis borra a todo momento os limites entre narrativa e diálogo, entre tempo e espaço. E transita por diversos gêneros. No Canadá, foi encenado como espetáculo adulto. Na Alemanha, ganhou prêmio de teatro jovem. No México, foi apresentado para crianças.

    "É um texto que permite várias leituras", afirma Maza, que faz uma encenação voltada a adultos, "mas sem a pretensão de excluir os jovens".

    O diretor usa uma linguagem chamada coreografia dramatúrgica, em que os movimentos dos atores, que transitam num tablado, são bastante precisos. Na peça, a dupla terá roupas brancas, numa assepsia que se contrapõe a sua condição de pobreza.

    Maza conheceu o texto há seis anos, quando estudava dramaturgia franco-canadense, e quis montar a peça justamente no ano em que o Brasil sediaria a Olimpíada. Confirmou a vontade ao ver uma imagem da abertura da Rio-2016: do alto do morro da Mangueira, crianças assistiam aos fogos do Maracanã.

    KIWI
    QUANDO sáb., às 21h30, e dom., às 19h; até 27/11
    ONDE teatro Augusta, r. Augusta, 943, tel. (11) 3151-4141
    QUANTO R$ 30
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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