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    Jornalista argumenta que Elena Ferrante seria tradutora italiana

    DE SÃO PAULO

    02/10/2016 16h29

    Talvez a única coisa a respeito da autora Elena Ferrante mais célebre que sua Série Napolitana seja seu anonimato. Escrevendo sob pseudônimo, Ferrante alcançou fama internacional com livros como "A Amiga Genial" e "Dias de Abandono". Suas raras entrevistas são sempre por e-mail, mediadas por seus representantes. No meio literário, questionou-se se seria de fato uma mulher, e até se se tratava de uma única pessoa.

    O mistério pode ter sido resolvido. Ao menos é o que advoga o jornalista italiano Claudio Gatti. Ele apresentou sua teoria sobre a identidade real da escritora em artigo publicado simultaneamente no periódico "Il Sole 24 Ore", onde é repórter investigativo, e pela "New York Review of Books", pelo jornal alemão "Frankfurter Allgemeine Zeitung" e em francês pelo site Mediapart..

    Segundo Gatti, o nome por trás do mito seria a tradutora Anita Raja, colaboradora de longa data da Edizioni e/o, editora de Ferrante. Filha de um magistrado italiano e de uma alemã que imigrou para o país fugindo do Holocausto, ela mora em Roma com o marido, o escritor napolitano Domenico Starnone.

    Partindo de planilhas cedidas por uma fonte anônima, Gatti traçou paralelos entre o sucesso comercial de Ferrante e o aumento do montante pago à tradutora pela editora Edizioni e/o. Em 2014, ano em que os livros de Ferrante foram editados fora da Itália, a receita do selo cresceu 65%, chegando a 3 milhões de euros. Em 2015, saltou outros 150%, atingindo 7,6 milhões. Sem outros best-sellers no período, argumenta o jornalista, a bonança resulta diretamente do sucesso da autora da Série Napolitana.

    Também em 2014, a quantia pela editora a Raja aumentou 50%. Em 2015, outro crescimento, desta vez superior a 150% —o montante equivale a sete vezes o que a tradutora recebeu em 2010, período anterior ao sucesso internacional de Ferrante.

    A Amiga Genial
    Elena Ferrante
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    Comprar

    Registros imobiliários públicos indicaram que, em 2000, pouco tempo depois de o primeiro livro da autora ser adaptado para o cinema, a tradutora adquiriu um apartamento próximo à Vila Torlonia, área nobre de Roma. No ano seguinte, comprou outro imóvel: uma casa de campo na Toscana. Em junho deste ano, Domenico Starnone, marido de Raja, comprou outro apartamento na capital italiana, com valor estimado entre 1,5 milhão de euros e 2 milhões de euros.

    Claudio Gatti entregou as supostas evidências documentais e informou a editora de Ferrante suas suspeitas. Os porta-vozes do selo se recusaram a comentar.

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