A jornalista baiana Joselia Aguiar será a nova curadora da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), anunciou a organização do evento na tarde desta sexta (7). Ela fica no lugar do editor Paulo Werneck, que deixa o posto depois de três edições à frente da festa.

O nome de Joselia Aguiar reacende a possibilidade de uma homenagem a Lima Barreto no evento literário.

Em 2013, ela e a tradutora Denise Bottmann lideraram um movimento pela escolha do autor carioca, com um abaixo-assinado que chegou a ter mil assinaturas. O escolhido, porém, acabou sendo Millôr Fernandes.

"Temos a preocupação de buscar surpreender, parte da graça é manter o suspense. Mas não é segredo que [Lima Barreto] é o meu preferido", diz Aguiar, quando indagada sobre a homenagem.

Após questionamentos, na edição deste ano, sobre a representatividade no evento –em especial pela ausência de negros na lista original de convidados–, já havia expectativa de que a Flip elegesse uma mulher para a curadoria.

Antes dela, a nona no cargo, só Ruth Lanna havia ocupado o posto: em 2005, ao lado de Samuel Titan Jr., e em 2006, sozinha.

Aguiar assume em um momento no qual a Flip, que completa 15 anos em 2017, também busca arejar o seu formato.

"Quando a Flip começou, ela era única. Depois dela, surgiram festas bem interessantes. O desafio, então, é fazer que a Flip continue a ser uma referência. Acho que isso se faz fortalecendo a dimensão literária e reforçando o diálogo com outras artes", diz a curadora.

Ela afirma que o comando do evento já discute como serão os debates, a cenografia, a iluminação –e que, na segunda, já começa a enviar os convites para uma lista prévia de dez autores.

Doutoranda em história na USP, Joselia Aguiar é jornalista especializada na cobertura de livros –na Folha, já assinou a coluna "Painel das Letras" e foi correspondente em Londres. Ex-editora da revista "Entrelivros", ela trabalha numa biografia de Jorge Amado a ser lançada pelo Três Estrelas, selo editorial do Grupo Folha.