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    Kleber Mendonça Filho deixa cargo de coordenação em fundação pública

    DE SÃO PAULO

    07/10/2016 20h21

    Loic Venance/AFP
    Brazilian director Kleber Mendonca Filho poses on May 18, 2016 during a photocall for the film "Aquarius" at the 69th Cannes Film Festival in Cannes, southern France. / AFP PHOTO / LOIC VENANCE
    Kleber Mendonça Filho no Festival de Cannes, em maio

    O diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, de "Aquarius", deixou na quarta-feira a coordenadoria de Cinema na Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco) após 18 anos no cargo.

    Em carta endereçada a Luiz Otávio Cavalcanti, presidente da instituição, o cineasta pediu o desligamento —decisão que "vinha sendo pensada há quase dois anos"— devido a dificuldades em conciliar a agenda de realizador com os compromissos diários com a Fundaj.

    Mendonça Filho conheceu a Fundaj ainda na infância por influência da mãe, Joselice Jucá, que trabalhou como diretora em departamentos da Fundação. Em 1998, ele foi convidado a integrar o plantel por Silvana Meireles, diretora do Instituto de Cultura, que ele entrevistava para o "Jornal do Commercio".

    "Muito me alegra ver que, depois de 18 anos, o Cinema da Fundação tornou-se um órgão catalisador de diálogo, de cultura, e que ele é visto e já estudado como grande incentivador para toda uma movimentação em torno do cinema em Pernambuco, produção esta que hoje é discutida em todo o Brasil e também no exterior a partir de uma comunidade criativa, que é algo de impressionante", escreveu o diretor na carta de despedida.

    Em nota, o presidente da Fundaj, Luiz Otávio Cavalcanti, disse respeitar a decisão do cineasta de entregar o cargo. "Agradeço ao cineasta pelo trabalho realizado na instituição e na promoção do Cinema da Fundação e desejo sucesso nessa nova etapa profissional", afirmou.

    POLÊMICAS

    O pedido de exoneração vem após a série de polêmicas envolvendo "Aquarius", filme mais recente de Mendonça Filho. Selecionado para a disputa da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o longa fez manchetes no mundo inteiro quando seu diretor e equipe protestaram no tapete vermelho contra o afastamento da então presidente Dilma Roussef (PT), que classificaram como "golpe".

    No Brasil, outras três controvérsias. Na primeira delas, a classificação indicativa de 18 anos dada inicialmente ao filme gerou revolta, mas foi revertida para maiores de 16 anos.

    Na segunda, o crítico Marcos Petrucelli, que usou as redes sociais para desqualificar Mendonça Filho pelo protesto em Cannes, foi escolhido pela Secretaria do Audiovisual para compor a comissão que escolheria o representante brasileiro na disputa pelo Oscar de filme estrangeiro. Em apoio a "Aquarius", os cineastas Gabriel Mascaro ("Boi Neon") e Anna Muylaert ("Mãe Só Há Uma") tiraram seus filmes da disputa pela vaga.

    Na terceira, o filme de Mendonça Filho foi desbancado por "O Pequeno Segredo", de David Schurmann, que representará o Brasil na corrida pela estatueta da Academia.

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