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    Série inspirada na vida de Bruna Surfistinha estreia neste sábado

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    08/10/2016 14h48

    Bruno Poletti/Folhapress
    A atriz Maria Bopp, 25, vai interpretar Bruna Surfistinha na série #MeChamaDeBruna
    A atriz Maria Bopp, 25, vai interpretar Bruna Surfistinha na série #MeChamaDeBruna

    Bruna estava ansiosa para conhecer Bruna, e a recíproca era verdadeira.

    Não que esse fosse o nome real delas. Uma, a atriz Maria Bopp, 25, encarna a outra, a ex-garota de programa Raquel Pacheco, 31, na série "#MeChamaDeBruna", que estreia neste sábado (8), na Fox 1, às 22h.

    Raquel fez fama ao deitar na cama sob o pseudônimo Bruna Surfistinha –e relatar seu dia a dia como prostituta primeiro num blog (no qual dava nota para a performance dos clientes) e depois em livros como "O Doce Veneno do Escorpião" (2005).

    Quando Maria e Raquel se conheceram, elas tinham os olhos vendados. Raquel lembra a experiência, armada pela diretora Márcia Faria, à Folha: "Colocamos a mão no coração uma da outra. Após alguns minutos, nosso batimento cardíaco entrou no mesmo ritmo. Ocorreu uma troca de energia incrível".

    Maria tinha pouca experiência na frente das câmeras antes de viver na TV o papel que Deborah Secco levou aos cinemas, num filme até hoje famoso pela cena em que a protagonista diz: "Hoje não vou dar, vou distribuir!" –isso no Vintão, prostíbulo que Raquel descreve no livro como "bagaceira, pulguento, pocilga mesmo", com um "lençol podre" que só era trocado uma vez por dia.

    Na fase de testes, a novata mandou mal quando a diretora propôs um improviso: "Você é a Bruna, e seu pai chega no meio de um programa. O que você faz?".

    Maria foi da tristeza ao constrangimento. Levou um puxão de orelha: "Você gosta daqui! Não tenha medo de dizer que você quer ficar [no bordel]", ela reproduz a orientação, de sutiã, sainha e salto alto, numa casa do Rio de Janeiro que simulava o primeiro bordel onde Bruna Surfistinha trabalhou.

    A atriz, então, deixou o lençol que enrolava seu corpo cair. Só de roupa íntima, respondeu em tom desafiador ao pai fictício: "É assim que você vai me ver".

    Maria só tinha atuado, como coadjuvante, na série "Oscar Freire 279". Sua carreira no audiovisual, antes de "#MeChamaDeBruna", era como continuísta –profissional que cuida da continuidade da história, como checar se cenário e figurino seguem de acordo nas cenas.

    A nova série se concentra na iniciação de Bruna Surfistinha como garota de programa, posto do qual Raquel Pacheco diz não se arrepender –e que durou dos 17 aos 20 anos.

    Quando sua "eu" na ficção, Maria, conversou com a reportagem, no final de 2015, era o auge do movimento #AgoraÉQueSãoElas, que pregava maior participação feminina na sociedade –em páginas de jornal inclusive, onde colunistas mulheres são minoria.

    "Eu era feminista até quando não sabia", afirmou, lembrando de uma briga de bar, em 2009, "com um comentarista de futebol grotesco". Maria disse que não engoliu frases machistas como "aposto que gosta de dar cu, burguesinha de merda".

    Raquel diz achar "sensacional essa onda feminista".

    "Nunca escondi que sou uma, penso sempre na mulher em primeiro lugar. Muitas mulheres me procuram até hoje, atrás de dicas para deixar um homem louco na cama. E eu faço um trabalho oposto: as convenço que elas que tem de ficar loucas na cama por elas mesmas, para serem donas do próprio prazer. Deixar um homem louco será consequência do poder feminino delas."

    Hoje Raquel é DJ e empresária de produtos eróticos. Em 2011, participou do reality da Record "A Fazenda" (na edição de Comprade Washington e Monique Evans).

    Há quatro anos é médium numa casa de umbanda, onde incorpora entidades conhecidas como pomba-gira, erê (crianças) e baianas. Foi no terreiro, como contou em fevereiro ao blog "Rede Social", da Folha, que buscou conforto ao descobrir que o pai morreu –pressentiu a perda num sonho.

    Não falava com seus pais, que rejeitavam suas apostas profissionais, há anos. A mãe ficou de procurá-la após o luto, mas só lhe telefonou em maio, cinco anos após a morte do marido.

    "Ela falou comigo de uma maneira muito educada, mas foi bem direta ao dizer que não tem interesse em uma reconciliação e que não quer me ver mais. Não insistirei mais, pois preciso respeitar o espaço dela. E amor e perdão é algo que a gente não cobra."

    Raquel, que não se ligava a uma religião em particular, desde então frequenta a Casa de São Lázaro.

    Namorando (prefere não revelar quem), assim se descreve em seu perfl do Instagram: "Balzaca, escorpiana, filha de Oxum, umbandista, mulher-moleca intensa em busca da felicidade!".

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