Em 10 de agosto de 1996, cerca de 125 mil pessoas se aglomeraram no parque Knebworth, ao norte de Londres, para assistir aquele que seria o primeiro de dois shows históricos do Oasis.

É ali que começa e acaba o documentário "Supersonic", que narra o processo de três anos nos quais os irmãos Noel e Liam Gallagher se converteram de anônimos de Manchester a reis da Inglaterra.

Após terem lançado seus dois primeiros discos, "Definitely Maybe" (1994) e "(What's the Story) Morning Glory?" (1995), as apresentações de Knebworth são consideradas o ápice do britpop, fenômeno musical e cultural que tomou conta da Inglaterra na década de 90.

	Mike Segar/Reuters/Mike Segar/Reuters
	Noel (à esq.) e Liam Gallagher em setembro de 1996

"Eu queria focar no prelúdio do Oasis porque, quando você se torna gigante como eles se tornaram, os dois ou três primeiros anos são os que definem a banda", disse o diretor Mat Whitecross durante uma entrevista coletiva após a estreia do documentário em Londres, há dez dias.

Também participaram Liam Gallagher e Paul "Bonehead" Arthurs, guitarrista do grupo.

O filme –que tem produção da mesma equipe de "Amy", que ganhou o Oscar de documentário em 2015– estará disponível em Blu-ray, DVD e para download a partir do dia 31 deste mês.

O principal tema que percorre os 122 minutos do filme é a conturbada relação entre os irmãos Gallagher.

Os entrevistados, como a mãe e o irmão mais velho da dupla, apontam o relacionamento entre Liam e Noel como o ponto mais forte do Oasis –mas também foi o que acabou levando a banda à ruína.

"Nós dois tivemos a mesma infância, então por que crescemos pessoas tão diferentes?", questiona Noel.

Liam traça as origens da turbulenta relação a um episódio ocorrido durante a adolescência.

	Reprodução/Reprodução
	Show de Knebworth em 1996, considerado o auge do Oasis

"Acho que tudo se resume ao fato de ele ter comprado um aparelho de som anos atrás, quando dividíamos um quarto", lembra o caçula.

"Uma noite eu cheguei em casa bêbado e não consegui encontrar o interruptor [de luz], então urinei em cima do som dele. Acho que tudo se resume a isso. Ele vem guardando essa mágoa desde então."

SEM CONVERSA

Os irmãos, que não se falam desde o fim do Oasis, em agosto de 2009, trocam insultos pela imprensa constantemente e têm visões divergentes sobre uma possível reunião da banda –Liam é a favor; Noel, contra.

"A gente não conversa", disse Liam durante a entrevista coletiva ao ser questionado se trocara ao menos uma palavra com Noel sobre o documentário.

"Nós estamos bem... Quer dizer, não estamos bem, mas acho que estaremos bem em algum momento."

Nem para a gravação do documentário foi possível reunir os dois em uma mesma sala. Segundo Whitecross, foram gravadas 20 horas de conversa com cada um deles. "Conseguimos criar a ilusão de termos os dois conversando entre si, mas isso não aconteceu", afirmou.

"Acho que há espaço até para um segundo documentário. Poderíamos fazer um sobre a queda do Oasis, que seria tão divertido quanto esse, senão melhor", afirmou Liam, sobre a decisão de Whitecross de contar apenas a ascensão da banda. "Este foi apenas o intervalo para o segundo tempo."