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    CRÍTICA

    Com cenários deslumbrantes, animação resgata tradição oral

    MARINA GALEANO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    19/10/2016 02h05

    Senta que lá vem história. E das boas. O responsável por contá-la ao público é Kubo, garotinho que carrega um instrumento mágico e hipnotiza todos à sua volta quando seus origamis flutuam no ar para ilustrar a narrativa.

    Filmado em stop-motion –estilo de animação realizado quadro a quadro–, "Kubo e as Cordas Mágicas" é um belo presente dos estúdios Laika (de "Os Boxtrolls", de 2014, "ParaNorman", de 2012 e "Coraline e o Mundo Secreto", de 2009) aos espectadores, sejam eles crianças ou adultos. Um casamento certeiro entre forma e conteúdo.

    Divulgação
    Kubo empunha espada em cena da animação em stop-motion "Kubo e as Cordas Mágicas"
    Kubo empunha espada em cena da animação em stop-motion "Kubo e as Cordas Mágicas"

    Não dá para negar que, à primeira vista, a saga do menino que teve um olho arrancado pelo poderoso avô assume contornos sombrios e complexos aos pequenos. Mas não demora para que eles também se encantem –e se comovam– com as aventuras e desventuras do herói.

    Kubo ganha a vida contando histórias em um vilarejo costeiro no Japão. Basta tocar seu shamisen (instrumento de cordas), e as dobraduras mágicas começam a encenar batalhas épicas. Um espetáculo de cair o queixo de quem está dentro e fora da tela.

    Antes do anoitecer, o garoto retorna à caverna para cuidar da mãe, que alterna transe e lucidez. Certo dia, porém, ele perde a hora de voltar e acaba invocando espíritos malignos de sua família.

    O estrago é grande. Kubo passa a ser perseguido por duas tias macabras com máscaras kabuki assustadoras.

    Para escapar da fúria do avô e salvar o olho que lhe restou, o menino precisa encontrar a armadura de seu pai, o maior samurai de todos os tempos.

    E aí ele terá de mergulhar na própria origem, acompanhado de uma macaca sabichona e de um besouro valente e um tanto desmemoriado.

    Recheado de referências à mitologia oriental, "Kubo e as Cordas Mágicas" resgata a tradição oral com muita competência. A fábula sobre família, espíritos, vingança, perdão e amor se desenrola sem atropelos, por meio de uma técnica primorosa, detalhista, e de cenários deslumbrantes.

    A cuidadosa escolha da paleta de cores traz ainda mais beleza à animação. Arte na tela, literalmente.

    Então leve a sério o alerta que o garotinho faz no início do filme: "Se você precisa piscar, pisque agora". Pisque antes de a jornada começar, para não perder nenhuma vírgula dessa grande história.

    KUBO E AS CORDAS MÁGICAS
    Direção: Travis Knight
    Elenco: Matthew McConaughey, Charlize Theron, Art Parkinson
    Produção: EUA, 2016, 10 anos
    Quando: em cartaz

    Edição impressa

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