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    'Rock'n'roll' é o que une texto de Shepard à montagem, diz Pereio

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    21/10/2016 02h12

    É Paulo César Pereio quem define "Criança Enterrada", na montagem de Bortolotto para o texto do americano Sam Shepard. "O que une os dois é o rock 'n' roll", diz o ator.

    A peça que estreia nesta sexta (21) tem "a poética do rock, em que cada fala é uma coisa pequena, mas que manifesta muito mais coisas interiores", diferente do conflito dramático, "tempo, lugar e ação, da poética aristotélica".

    O ator conhece bem o teatro de Shepard, tendo feito ele mesmo uma tradução de "True West" para uma montagem que não vingou. Também roteirista e ator, de filmes como "Paris, Texas" e personagens como Chuck Yeager em "Os Eleitos", Shepard traz "aquela atmosfera de Mojave, de areia de deserto californiano", diz.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Sao Paulo, Sp, Brasil. Data 17-10-2016. Espetaculo Crianca Enterrada. Atores Ana Hartmann (esq), Carcarah (centro) e Thiago Pinheiro (casaco preto). Paulo Cesar Pereio (bone vermelho/frente). Teatro Cemiterio de Automoveis. Foto Lenise Pinheiro/Folhapress.
    Paulo César Pereio e elenco em cena de 'Criança Enterrada'

    Bortolotto lembra que Shepard foi até baterista, numa banda. Também acompanhou e publicou um diário da turnê de 1975 de Bob Dylan, com quem chegou a criar a canção "Brownsville Girl".

    Mas que ninguém espere Dylan na trilha sonora da peça. Bortolotto escolheu "música instrumental, umas guitarras americanas, mas não, Bob Dylan não, exatamente por causa do Nobel".

    O diretor diz estar trabalhando para manter o universo de Shepard. "Eu sou um cara que tenta ser fiel, o máximo possível, ao autor, sempre", diz.

    Bortolotto anota que, como "True West", também "Criança Enterrada", "Buried Child", no título original, tem viés mais realista do que outras criações do dramaturgo, aproximando-se mais da tradição do teatro americano, inclusive nos personagens.

    Retrata um conflito familiar, enredando pai, mãe, filhos e neto, a namorada deste e até um pastor, com um crime no centro da história. No elenco, atores do grupo Cemitérios de Automóveis, como Carcarah e Nelson Peres.

    Além do realismo, a peça tem outra característica rara no teatro de Shepard, diz Pereio. "Tem momentos em que fica impagável. Todo mundo só leva a sério, mas tem uma parte engraçadíssima. O personagem [Dodge] tem essa derivada cômica. Ele gosta de comédia, o Shepard."

    CRIANÇA ENTERRADA
    QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h
    ONDE Teatro & Bar Cemitério de Automóveis - r. Frei Caneca, 384, tel. (11) 2371-5743
    QUANTO R$ 20
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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