Um retrato feito em 2011 do escravo Nat Turner, herói de "O Nascimento de uma Nação", segurando uma machadinha ensanguentada à frente da cabeça decepada de seu senhorio é um dos chamarizes de "Mastry", inaugurada na terça (25), em Nova York.
Com a mostra, até 29/1, o Met Breuer, nova filial do Metropolitan, tenta posicionar melhor o trabalho do artista negro americano Kerry James Marshall.
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'Retrato de Nat Turner com a Cabeça de seu Senhor' |
Aos 61 anos, Marshall, que vive em Chicago, faz em sua obra uma crônica imaginativa e provocadora da experiência da vida negra americana.
Seus quadros já começam a atingir lances acima dos US$ 2 milhões e "Mastry" foi considerada pela revista "The New Yorker" o "a mais aguardada" exposição deste fim de ano.
Ao retratar negros, Marshall prefere usar tinta preta, e não marrom. Num autorretrato da década de 1980, buscou inspiração no romance "Homem Invisível", de Ralph Ellison (1913-1994), cujo protagonista não é enxergado pela América branca.
Ele criou super-heróis a partir da mitologia iorubá, colocou Iemanjá em botes transportando escravos e abordou da morte de Martin Luther King à ascensão dos Panteras Negras.
Atualmente está interessado em formas abstracionistas que lembram um teste de Rorschach. Na década de 90, foi do bucólico ao trágico, retratando desde uma cena em uma barbearia até a morte de crianças em tiroteios.