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    Crítica

    Coro alemão faz interpretação delicada e comovente de Brahms

    SIDNEY MOLINA
    CRÍTICO DA FOLHA

    27/10/2016 02h12

    O capítulo sobre música contemporânea de um livro publicado em 1891 abre com Brahms (1833-1897) dizendo que "ele é capaz de elaborar os mais diferentes e aparentemente incompatíveis temas".

    Sua maturidade foi conquistada cedo, como atesta "Um Réquiem Alemão", apresentado pelo Coro da Rádio de Berlim e pela orquestra L'Arte del Mondo na segunda-feira (24), na última atração do ano da temporada Mozarteum na Sala São Paulo.

    Jonas Holthaus/Divulgação
    O Coro da Rádio de Berlim, que realiza duas apresentações na Sala São Paulo
    O Coro da Rádio de Berlim, que se apresentou na Sala São Paulo em 2016

    O jovem regente holandês Gijs Leenaars parecia um oficiante, e cada palavra pronunciada pelo coro era vivida em sentido pleno: "Selig sind" (bem-aventurados); "Tränen" (lágrimas); "Blumen" (flores).

    Brahms inicia seu "Réquiem" sem violinos. Eles esperam em silêncio o segundo movimento, no qual uma obstinada divisão em três dos tímpanos contrasta com a contagem em dois dos demais.

    Especializada em performance histórica, a L'Arte del Mondo trouxe um som pouco usual à obra, com articulações não padronizadas e uma rusticidade dos metais, que nunca porém sobrepujaram a delicadeza envolvente do coro.

    Foi especialmente comovente o primeiro solo do barítono Artem Nesterenko, "mostra-me meu fim, a medida dos meus dias", a vida efêmera que cabe "na palma da mão".

    E quando, ao final, o coro canta a permanência das obras dos que "descansam do seu trabalho", não há como não pensar no poder transformador que a música pode ter "num piscar de olhos".

    CORO DA RÁDIO DE BERLIM & L'ARTE DEL MONDO

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