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    'Jonas' usa Carnaval para abordar amor impossível de jovem pobre

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    29/10/2016 02h27

    "Jonas", estreia de Lô Politi na direção, está ancorado em ilusões de proporções cetáceas: de um amor impossível, de um universo alheio ao mundo exterior e de uma suspensão das barreiras sociais.

    Não à toa, é no Carnaval, mais precisamente no ventre de um carro alegórico em forma de baleia, que é ambientado o cerne desse thriller sobre um sequestro passional. O longa estreou na quinta (27).

    "Eu via aquele estacionamento ao lado do sambódromo e achava a coisa mais surreal", diz a diretora paulistana sobre a inspiração para o filme. "Era toda aquela explosão de cores no meio da zona mais cinzenta da cidade."

    A imagem surreal germinou o argumento de "Jonas": o personagem-título é o filho de uma empregada doméstica que nutre paixão platônica pela filha da patroa. Num impulso, ele a sequestra e a leva como cativa para dentro da tal baleia, onde os entraves estão todos suspensos.

    "É uma metáfora do que é o amor ilusório que ele sente e dessa busca dele, um deslocado, por conforto", conta.

    Para viver o protagonista, a diretora escalou um Jesuíta Barbosa ainda pré-frisson. Na época da filmagem, em 2013, ele tinha acabado de rodar "Tatuagem" e "Praia do Futuro", mas eles ainda não haviam sido lançados e catapultado seu rosto no cinema.

    "Em uma única semana, três pessoas tinham me recomendado o nome dele", diz. O ator veio de Fortaleza e, antes das filmagens, passou por uma imersão em São Paulo para atenuar o sotaque.

    Para a garota, a diretora chamou a atriz e modelo paulistana Laura Neiva. "Precisava de atores que fossem de universos bem diferentes."
    Completam o elenco Luam Marques, que faz o irmão de Jonas, Chay Suede, que faz o playboy namorado da personagem de Laura, e Criolo, como o traficante local da Vila Madalena, bairro que tem importância central na trama.

    "É um lugar único na cidade, em que ricos e pobres convivem muito de perto." De lá vem a escola de samba retratada no longa: a Pérola Negra, cujos ensaios são registrados em tom quase documental.

    Para filmar a baleia no meio de um desfile, a diretora foi favorecida por um lance de sorte: em 2013, a agremiação foi vencedora do grupo de acesso. Com isso, a esquipe do filme pôde botar o cetáceo cenográfico na avenida no desfile das campeãs.

    Lô Politi também prepara um documentário sobre os dias derradeiros de Dilma na presidência. Filmada a seis mãos com os diretores Anna Muylaert e Cesar Charlone, a produção teve acesso à intimidade da ex-presidente. Ainda não tem previsão de sair.

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