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    'Doutor Estranho' expande o universo Marvel rumo ao misticismo

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    31/10/2016 02h00

    Depois de tornar-se a franquia mais bem-sucedida da história do cinema, o Universo Cinematográfico Marvel quer dar um passo ainda mais ambicioso com a estreia de "Doutor Estranho", filme que estreia nesta semana em São Paulo: ir além do plano físico povoado por heróis mascarados.

    "Quando o herói surgiu nos quadrinhos, nos anos 1960, ele abriu a porta para várias dimensões", explica à Folha o diretor Scott Derrickson ("O Exorcismo de Emily Rose"). "Apresentamos a magia neste universo e haverá poucas limitações em termos de armas e inimigos para o futuro. Gosto de pensar que criamos o Multiverso Cinematográfico Marvel."

    Mas a concepção não foi fácil. O projeto de trazer à vida o arrogante cirurgião que apela para as artes místicas ao perder o movimento das mãos num acidente de carro circulava em Hollywood desde os anos 1990. Cineastas como Wes Craven ("Pânico") e Chuck Russell ("O Máscara") se envolveram em algum momento com a adaptação, mas não chegaram longe.

    Os obstáculos continuaram quando o presidente da Marvel, Kevin Feige, anunciou que o filme sairia em 2016. "Foi o filme com o maior número de diretores na disputa pelo emprego", conta Derrickson, que ficou com a função ao criar milhares de artes conceituais e uma cena de luta no plano astral antes da primeira reunião com Feige. "Investi muito do meu dinheiro para mostrar minha visão do filme e eles viram que combinava com a ideia deles. Ainda assim, tive mais sete reuniões para conseguir esse trabalho."

    CONTRA O TÉDIO

    Quando o personagem foi criado por Steve Ditko, em 1963, a Marvel tentava refletir a obsessão com o místico e a expansão da consciência. "Quis fazer o filme mais estranho possível", confessa o cineasta, que se inspirou em "A Origem" para construir um dos seus planos dimensionais mais impressionantes. "Não queria que os efeitos fossem apenas para explodir coisas. Isso me deixa entediado. Precisamos ser mais criativos."

    Derrickson já sabia que queria o inglês Benedict Cumberbatch ("O Jogo da Imitação") no papel do doutor Stephen Strange. Os dois se encontraram em Londres e os gênios bateram. O problema é que o ator estava em temporada no teatro com "Hamlet" e não podia assumir o mágico naquele momento. "Íamos lançar o filme no verão, então encontrei vários bons atores, mas sentia que tinha de ser Benedict. Kevin concordou e adiamos o filme para o fim do ano", revela o diretor.

    Cumberbatch, um dos atores mais disputados do momento, sabe que a poderosa Marvel não faz essa exceção com regularidade. "É incrivelmente lisonjeiro", brinca o ator. "Também é uma responsabilidade pesada."

    A contratação de Tilda Swinton como a Anciã gerou controvérsia, porque a personagem original não é apenas do sexo masculino, mas é asiático. "O Ancião é um estereótipo ocidental ruim do que é ser um asiático", explica o diretor. "Seria um clichê, então minha escolha foi fazer mulher e de meia-idade. Tilda traz algo de etéreo e enigmático para a personagem."

    Trailer do filme

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