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    Moda

    Festival traz a São Paulo novidades da tecnologia aplicada à moda

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    02/11/2016 02h00

    Símbolo de uma realidade longínqua, o tênis autoamarrável visto no filme "De Volta para o Futuro 2" (1989) se torna realidade 27 anos depois do lançamento do longa. Os primeiros pares do Nike HyperAdapt chegam às lojas dos EUA em 28/11 –o preço do fetiche não foi revelado pela marca.

    Muito além da imaginação do protagonista Marty McFly, a indústria da moda aprimorou neste ano as primeiras ideias concretas da chamada quarta revolução industrial, que corre nos trilhos da nanotecnologia, das impressoras 3D, da energia cinética e da biotecnologia.

    Na próxima terça (8), especialistas em tecnologia "wearable" (vestível), a mesma que colocou no mercado os relógios inteligentes e os tecidos conectados, vêm a São Paulo para a segunda edição do WeAr - Conectando Moda e Tecnologia.

    Expoentes como Karolina Cengija, engenheira da Intel, foram convidados para apresentar o que já é real nesse campo. É de Cengija a frase "o chip é o novo paetê", que define o momento atual de troca de conhecimento entre grifes e empresas de tecnologia.

    A Intel, por exemplo, lançou um cinto que projeta imagens de acordo com as emoções de quem o veste na passarela do estilista Hussein Chalayan, na última Semana de Moda de Paris.

    Para o evento paulistano, Cengija estará acompanhada de Becca McCharen, estilista americana com quem criou o "vestido adrenalina", uma das estrelas do WeAr e cujo sistema segue a mesma ideia de interação com o corpo proposta por Chalayan.

    A partir de transpiração, batimentos e temperatura corporal, o sistema acoplado à roupa faz abrir ou fechar uma estrutura similar a asas, avisando quem a veste sobre sua carga de estresse.

    "Quando projeto [uma roupa], o corpo vem em primeiro lugar. Estamos interessados em criar roupas que funcionem como ferramentas ele", diz McCharen à Folha.

    É a partir de ideias como as dela que o conceito de "wearable gadget" evolui para além do acessório brinquedo.

    "Eles ['gadgets'] refletem o lugar onde a tecnologia está. Nossos circuitos, fios e baterias são todos discos rígidos que não se esticam, dobram ou ventilam como o tecido faz. Por isso, até que a tecnologia material evolua, esses produtos são o que temos. Mas tudo está mudando rapidamente", afirma a estilista.

    A Levi's, por exemplo, está em turnê pelo mundo apresentando sua primeira jaqueta conectada ao celular. Enquanto isso, desenvolve em parceira com a Google um tecido que funcionará como "touch screen" para que, num futuro muito próximo, um toque na calça ative funções no smartphone.

    PELE DIGITAL

    "A revolução da moda não está só na tecnologia, mas também na produção do fio, na distribuição e na comunicação. O 'wearable' é uma fase dessa cadeia", diz Alexandra Farah, organizadora do festival WeAr. Segundo ela, "os vestíveis estão a um degrau de chegar na pele", seu objetivo primordial.

    "No começo, a tecnologia produzia dados. Agora, ela evolui para transformar esses dados em inteligência. Algo como seu smartphone, depois de coletar dados no seu corpo, gritar: 'Cuidado, você vai morrer se continuar correndo assim'", afirma.

    Exemplo prático é o adesivo da marca francesa de cosméticos La Roche Posay, que mede os índices de exposição solar do usuário com sensores aplicados sobre a pele.

    Apresentado em janeiro, nos Estados Unidos, e só agora no mercado, o produto manda informações para o aplicativo da marca instalado no celular, avisando quando é necessário reaplicar o filtro solar.

    O mundo da moda abriu os olhos e as carteiras para os "vestíveis" quando começou a pipocar nos sites de 'streetstyle' o sapato de LED inspirado nos modelos infantis dos anos 1990, que piscam e acendem com o toque no chão.

    A Chanel é uma das marcas que investem nessa "tecnologia de adorno", inútil do ponto de vista funcional, e trouxe exemplares para o festival paulistano.

    Quem também trará criações luminescentes é a designer francesa Clara Daguin, famosa nesse segmento. Suas roupas são compostas de materiais como chips e fios de fibra ótica que, por exemplo, mudam de cor e reagem ao humor de quem as veste.

    "Não temos ideia das formas que essa tecnologia assumirá daqui a dez anos, mas queremos ter certeza de que tomamos um caminho de integração positiva entre humanos e tecnologia", diz Daguin.

    WEAR
    QUANDO 8/11, das 8h às 22h30
    ONDE Belas Artes, r. José Antônio Coelho, 879, tel. (11) 5576-7300
    QUANTO de R$ 160 a R$ 630

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