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    Cotidiano tem ar medieval em novo livro de Fabrício Corsaletti

    BRUNO MOLINERO
    DE SÃO PAULO

    05/11/2016 02h11

    Sexta e sábado são dias de de balada; de se enfiar num inferninho, tomar uma "breja" ou um saquê na Liberdade, acordar de ressaca e ficar feliz com o café da manhã.

    Essa bagunça e outros recortes do cotidiano formam o universo de "Baladas" (Companhia das Letras), novo livro do escritor e colunista da Folha Fabrício Corsaletti –uma coletânea de 12 poemas curtos que mais parecem crônicas, de tão narrativos e agarrados ao dia a dia.

    Seja na forma ou no conteúdo, cada texto, na verdade, é mesmo uma balada. As gírias que vão do "trago" em Chicago à "breja" no bar são embaladas com bom humor em versos de métrica fixa: redondilhas maiores (com sete sílabas poéticas), sempre em quatro estrofes, sendo que as três primeiras apresentam dez versos e a última conta com apenas quatro.

    Essa forma específica de poema, com rimas alternadas, é conhecida como balada –texto comum na literatura francesa da Idade Média, mas utilizada também em outros países da Europa.

    "Tentei encontrar um equilíbrio entre essa aparente contradição. Comecei a escrever depois de ler François Villon, o grande baladista do século 15. Mas tendo o desafio de fazer o livro soar atual, sem afetação. Por isso tentei ser ainda mais coloquial do que de costume, com diferentes gírias", conta Corsaletti.

    A mistura deu um ar medieval a um sonho erótico com a chef e apresentadora britânica Nigella Lawson e a uma homenagem à banda de punk feminista da Rússia Pussy Riot, por exemplo.

    "Minha poesia geralmente é mais em verso livre e branco. Mas gosto da métrica, da rima. Elas me fazem afirmar coisas que jamais falaria."

    O livro funciona uma continuação de "Quadras Paulistanas" (2013), da mesma editora, que traz poemas de quatro versos sobre o dia a dia de São Paulo –e, assim como "Baladas", é como uma reunião de crônicas em verso.

    "Quadras" contou com ilustrações de Andrés Sandoval. Já "Baladas" tem os traços de Caco Galhardo, que publica tiras na "Ilustrada".

    "Como o livro é solto, leve e sem amarras, fiz as ilustrações como se estivessem em um 'sketchbook', em um rascunho. Todos os textos têm um lado cômico que conversa com o meu trabalho. Foi natural ilustrar, mesmo sendo poesia", diz Galhardo.

    Até porque uma das baladas está diretamente relacionada à obra do cartunista: fala sobre a série de televisão "Lili, a Ex", inspirada na HQ homônima de Galhardo.

    Após duas obras com formas fixas, seria de se pensar se, em sua próxima investida poética, Corsaletti faria um apanhado de sonetos, ou de outras estruturas menos famosas hoje, como vilancetes ou rondós. Mas não.

    Baladas
    Fabrício Corsaletti
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    "O próximo vai ser de poemas em prosa", conta.

    *

    BALADAS
    AUTOR Fabrício Corsaletti
    ILUSTRADOR Caco Galhardo
    EDITORA Companhia das Letras
    QUANTO R$ 39,90 (64 págs.)
    LANÇAMENTO quarta (9), às 18h30, no São Cristóvão (r. Aspicuelta, 533, tel. 11-3097-9904)

    Edição impressa

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