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    Cantor português António Zambujo interpreta Chico Buarque em SP

    LUIZ FERNANDO VIANNA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    08/11/2016 02h29

    O oitavo CD de António Zambujo é o primeiro em que não há fotos suas na capa ou no encarte. A opção faz sentido, já que, destoando da linha que predomina no canto português, ele prefere a contenção ao excesso, a discrição à intensidade.

    Faz ainda mais sentido por "Até Pensei que Fosse Minha" ser um CD todo dedicado à obra de um compositor: Chico Buarque.

    "O que interessa no disco é a música. É uma visão da obra do Chico e uma homenagem a esta obra", afirma, por telefone de Lisboa. "E, tendo a capa da [artista plástica brasileira] Adriana Varejão, minha imagem era absolutamente desnecessária."

    Divulgação
    O cantor António Zambujo, que canta no Sesc Pinheiros
    O cantor António Zambujo, que canta no Sesc Pinheiros

    Em São Paulo, ele faz shows nos dias 12 e 13, no Sesc Pinheiros.

    Zambujo, 41, interpreta canções brasileiras desde o seu segundo CD, de 2004. Mas nunca havia gravado nenhuma de Chico. O cantor escolheu músicas de que gosta muito e acrescentou sugestões do diretor musical Marcello Gonçalves ("Geni e o Zepelim", por exemplo) e do próprio Chico ("Cecília" e "Nina").

    O brasileiro divide com Zambujo a interpretação de "Joana Francesa". Os outros duos são com Roberta Sá em "Sem Fantasia" e com a portuguesa Carminho em "O Meu Amor".

    O caráter pessoal da seleção ajuda a explicar a inclusão de "Cálice", canção que, ao menos até recentemente, poderia ser considerada datada por dizer respeito ao período da ditadura militar.

    O arranjo surpreende: por mais de dois minutos, Zambujo canta à capela; a guitarra distorcida de Ricardo Silveira surge como elemento estranho; e os 12 segundos finais são em silêncio.

    "Esta gravação tem os dois fatores que eu queria: silêncio e caos", diz ele.

    O CD não é um recital comportado. Logo no início, "Futuros Amantes" tem um trompete que sai do tom. Instrumentos variados fazem aparições sutis ao longo do álbum, como o acordeom de Marcelo Caldi, a guitarra portuguesa de Bernardo Couto, o clarinete de Anat Cohen, o violão de Sérgio Valdeos e as cordas do Trio Madeira Brasil.

    Zambujo conta que só na adolescência começou a escutar Chico. Sua chave para entrar na música brasileira foi João Gilberto, cujo estilo sem vibratos ou staccatos é uma nítida influência.

    Assim como Carminho, ele tem visto seu público no Brasil aumentar, tendência que pode ganhar maior impulso com o novo CD.

    "Antes de eu ser bem recebido no Brasil, o Brasil já tinha sido muito bem recebido na minha casa. É reciprocidade", brinca ele.

    ANTÓNIO ZAMBUJO CANTA CHICO BUARQUE
    QUANDO sáb (12), às 21h, e dom. (13), às 18h
    ONDE Sesc Pinheiros, r. Paes Leme, 195, tel. (11) 3095-9400
    QUANTO R$ 18 a R$ 60
    CLASSIFICAÇÃO 10 anos

    Edição impressa

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