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    Livro mostra obra de Niura Bellavinha entre peso e leveza

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    10/11/2016 02h16

    Na igreja Nossa Senhora da Conceição, em Sabará, no interior de Minas Gerais, estão portas que ficam frente a frente. Quase idênticas, elas têm diferenças nos detalhes. Enquanto uma tem a volúpia do barroco mineiro, a outra tem a fluidez da pintura oriental.

    Imagens delas estampam capa e contracapa do livro que a artista Niura Bellavinha lança agora, como se refletissem os dois lados de sua pintura–algo contaminado por todo o peso do minério e da terra vermelha, mas que não deixa de buscar a leveza.

    Talvez por isso ela diga que suas telas são "uma sucessão de instabilidades". Paulo Herkenhoff, que escreve os ensaios sobre a mineira no livro, vê ali uma "visibilidade errante" ou "pintura expandida".

    Divulgação
    Cena do filme 'NháNhá', da artista visual Niura Bellavinha
    Cena do filme 'NháNhá', da artista visual Niura Bellavinha

    Isso porque, mesmo quando a peça em questão é uma performance ou um vídeo, Bellavinha diz estar pintando.

    Em seu curta mais recente, uma casa abandonada surge isolada no alto de um morro, mas logo se vê que não foi construída num cume. A terra ao redor é que foi escavada, extraída pela indústria, deixando no rastro só vultos dos móveis, como sombras gravadas nas paredes frágeis.

    Outra obra, criada depois da visão das portas de Sabará, são pinturas que ela chama de siamesas, dois pedaços de tecido sobrepostos ainda molhados de tinta e só depois apartados, como se fossem sudários um do outro.

    "Gosto de pintar com a natureza das coisas, poeira do mundo, pigmentos de meteoritos", diz a artista. "Não uso tinta branca. Entendi que minha pintura vem da gravura, onde o branco é o papel, do cinema, onde o branco é a luz."

    Niura Bellavinha
    Paulo Herkenhoff
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    No fundo, o livro é um inventário de forças antagônicas, o peso do aço de Amilcar de Castro, que foi professor de Bellavinha, e a leveza de Guignard, sua influência confessa.

    NIURA BELLAVINHA
    AUTOR Paulo Herkenhoff
    EDITORA Cobogó
    QUANTO R$ 132 (280 págs.)
    LANÇAMENTO nesta qui. (10), às 19h, na Blooks, no shopping Frei Caneca, r. Frei Caneca, 569, 3º andar

    Edição impressa

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