• Ilustrada

    Sunday, 05-May-2024 18:33:58 -03

    Misto de ficção e documentário, série 'Marte' coloniza o planeta em 2033

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    13/11/2016 02h00

    Um ser humano colocando os pés em Marte sempre esteve no mundo dos sonhos, filmes ou desenhos animados. Com a ascensão das empresas privadas de viagens extraterrenas e o sucesso na reutilização de foguetes, a colonização do planeta vermelho começa a aterrissar na mente dos cientistas.

    Realidade e especulação é a mistura que rege "Marte", a minissérie mais ambiciosa do canal pago Nat Geo, que estreia no Brasil neste domingo (13). Ao mesmo tempo em que o programa imagina com atores e roteiro como seria essa viagem em 2033, também entra no âmbito documental, entrevistando especialistas, estudiosos e empreendedores.

    "É o projeto audiovisual mais preciso sobre a exploração de Marte já criado", afirmou o produtor-executivo Justin Wilkes à Folha. "Transformamos alguns dos maiores especialistas em nossos consultores porque queremos mostrar para o público o quanto isso é real. 'Marte' não é ficção científica, mas um fato científico, um docudrama."

    A série é baseada em "De Mudança para Marte" (editora Alaúde, 136 págs.), do escritor e jornalista de ciência e tecnologia Stephen Petranek.

    O livro é a adaptação de uma palestra no projeto de conferências TED, na qual Petranek detalha como a humanidade pode chegar a colonizar o quarto planeta ao redor do Sol. "A reação de metade da plateia foi de completa descrença", contou o jornalista na entrevista (assista aqui à palestra com legendas em português).

    Mas o jogo virou subitamente após o sucesso do filme "Perdido em Marte" (2015), de Ridley Scott. Baseado no livro homônimo (ed. Arqueiro, 336 págs.) de 2011 de Andy Weir, o longa mostra Matt Damon como um astronauta que fica sozinho no planeta e tem de se virar para sobreviver.

    "O livro e o filme pavimentaram o caminho para a aceitação de que vamos para Marte. A percepção mudou do dia para a noite", disse Petranek.

    SEIS EPISÓDIOS

    O primeiro dos seis episódios previstos para a primeira temporada –uma segunda é provável, mas não confirmada– mostra uma tripulação de seis astronautas de cinco nacionalidades na primeira missão terrestre rumo a Marte.

    O roteiro deixa de lado a viagem em si para se concentrar no pouso, que leva os terráqueos para longe da base americana preestabelecida e cria o primeiro drama da história.

    Filmada em Budapeste, na Hungria, e no deserto do Marrocos (cenário para o planeta vermelho), a linha narrativa ficcional não é apenas um complemento de luxo para a parte documental.

    "Queríamos fazer uma série com uma boa dramaturgia e efeitos realistas. Os dois segmentos receberam os mesmos cuidados", disse o diretor Everardo Gout.

    METEORO

    No lado não ficcional, a minissérie entrevista Elon Musk, empreendedor sul-africano que criou a SpaceX, uma das empresas que pretendem explorar Marte daqui a 15 anos, e Robert D. Braun, professor do Instituto de Tecnologia da Geórgia e um dos maiores especialistas em tecnologia espacial do mundo.

    Todos falam da importância de criar uma base terrestre em outro planeta e como isso será possível em alguns anos.

    "Já poderíamos estar em Marte se tivéssemos investido US$ 1 trilhão nas missões. A tecnologia existe. A dificuldade é chegar ao planeta, a radiação, o pouso. Tudo precisa ser planejado meticulosamente", contou Braun.

    "A probabilidade de a Terra ser atingida por um meteoro que aniquile 75% das formas de vida é de 100%", disse Petranek. "Marte é um seguro de vida da humanidade, uma alternativa à extinção."

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024