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    crítica

    Ator italiano Toni Servillo faz seu show no sóbrio 'As Confissões'

    RICARDO CALIL
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    21/11/2016 02h00

    Divulgação
    O ator Toni Servillo em cena do longa 'As Confissões
    O ator Toni Servillo em cena do longa 'As Confissões'

    O italiano Toni Servillo é um fenômeno improvável, que parece saído de outro tempo do cinema. Uma estrela europeia, já madura, longe da figura do galã, que se torna um chamariz para o público em lugares distantes como o Brasil.

    Tudo isso, claro, graças a seu desempenho como o bon-vivant existencialista Jep Gambardella em "A Grande Beleza" (2013), de Paolo Sorrentino.

    O sucesso daquele filme, muito além da fronteira do chamado circuito de arte, garantiu o lançamento de outros com Servillo por aqui.

    No ano passado, foi "Viva a Liberdade", de Roberto Andò, farsa política em que Servillo interpretava dois papéis: o secretário-geral de um partido e seu irmão gêmeo recém-saído de um manicômio.

    Agora é a vez de "As Confissões", também de Andò, em que Servillo encarna o enigmático monge italiano Roberto Saulus.

    Ele é convidado por Daniel Roché (Daniel Auteuil), presidente do Banco Mundial, para uma reunião com os ministros de economia do G8 que discutirá a crise financeira global, em um hotel de luxo na Alemanha.

    Como estratégia de marketing para dar uma cara mais "humana" ao evento, há outros dois convidados "leigos": um astro do rock (inspirado em Bono, do U2) e uma escritora de livros infantis.

    Na primeira noite do encontro, Roché chama Saulus a seu quarto para se confessar. Horas depois, ele aparece morto.

    Os ministros desconfiam que o presidente do Banco Mundial lhe confidenciou alguma informação sobre o objetivo (escuso) daquela reunião antes de se matar e passam a pressionar Saulus para revelar o que sabe.

    O monge, porém, se recusa a fazê-lo, argumentando que o segredo da confissão é inviolável. O jogo de gato e rato entre Saulus e os ministros torna-se, então, o centro do filme.

    Como em uma fábula moral, a sabedoria monástica de Saulus entra em choque com a mentalidade rentista dos ministros, com o mais fraco tentando superar pela astúcia os mais fortes.

    Quem for ao cinema para ver mais um show de Servillo sairá satisfeito. Mas convém deixar de lado a lembrança de "A Grande Beleza". O estilo de Andò é menos exuberante e mais convencional. Um diretor menos narcisista do que Sorrentino, mas também menos memorável.

    AS CONFISSÕES (LE CONFESSIONI)
    DIREÇÃO Roberto Andò
    ELENCO Toni Servillo, Daniel Auteuil, Pierfrancesco Favino
    PRODUÇÃO Itália, 2015, 14 anos
    QUANDO em cartaz
    AVALIAÇÃO regular ★★

    Edição impressa

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