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    Com 'A Chegada', Amy Adams se habilita à sua sexta indicação ao Oscar

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TORONTO

    24/11/2016 02h33

    Amy Adams diz que "fez a carreira com palavras". Foi interpretando o texto de outros que a atriz, 42, conseguiu, em dez anos, cinco indicações ao Oscar. Não levou ainda, mas pode estar a caminho da sexta tentativa.

    Essa relação com as palavras fica mais evidente em "A Chegada", a ficção científica mais elogiada do ano, em cartaz a partir desta quinta (24).

    No filme, Adams interpreta Louise Banks, professora de linguística convocada pelo governo norte-americano para ajudar a decifrar o dialeto de uma raça alienígena ancorada com naves em diversas localidades da Terra.

    "O filme me capturou emocional e intelectualmente, então comecei a mergulhar no aspecto científico da comunicação. Achava que os linguistas eram apenas tradutores. Hoje, entendo como submergem em culturas para compreender aquela linguagem", conta a atriz à Folha.

    No início do longa do canadense Denis Villeneuve ("Sicario"), Louise começa uma uma aula explicando "por que o português soa diferente de qualquer outra língua românica", mas é interrompida quando os alunos começam a espalhar as notícias da invasão extraterrestre.

    Apesar de nascida em Vicenza, na Itália, onde seu pai servia numa base americana, Adams admite não falar português, mandarim ou qualquer idioma, além do inglês, pronunciado no filme.

    "Entendo espanhol, francês e italiano se falados bem devagar. Meu cérebro aceita a estrutura latina e consigo processar. Mas o mandarim é tão diferente que virou uma obsessão. Quero aprender e ensinar para minha filha, porque esse projeto me ensinou que a língua é a janela para outra cultura."

    Três linguistas da Universidade McGill, em Montreal, onde o filme foi rodado, foram consultados sobre a criação da linguagem dos alienígenas. Sua comunicação é gerada por manchas pretas que têm de ser desvendadas.

    "A professora Jessica Coon me deu livros para ler e explicou como é seu trabalho de estudo de linguagem indígena. Ela estudou os maias no México. É fascinante."

    "A Chegada" começou a ser filmado no ano passado, mas ganhou relevância nestes últimos meses, com a crise dos refugiados e a ascensão mundial da direita.

    O longa, que foge da fórmula explosiva de Hollywood, é baseado no conto "História da Sua Vida", de Ted Chiang, e trata não só da tragédia pessoal da protagonista mas das consequências nefastas da falta de comunicação e da desunião.

    "Vivemos tempos turbulentos. Já estivemos nesta situação como sociedade e cultura e gosto que o filme possua esse otimismo e uma dose de idealismo", diz Adams.

    "A situação hoje é mais urgente do que quando filmamos. Sabia que estávamos lidando com uma trama em que culturas diferentes precisam se unir. Não havia nenhuma motivação política explícita, mas as coisas mudaram muito em um ano. Há um medo de ameaças desconhecidas em todos os lugares."

    Trailer de 'A Chegada'

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