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    CRÍTICA

    Mesmo sem novidades, retorno de 'Gilmore Girls' deve agradar fãs

    SANDRO MACEDO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    25/11/2016 19h03

    Quase dez anos após o último episódio da sétima temporada, exibido em 2007 na televisão, "Gilmore Girls" volta com poucas novidades, muita nostalgia para agradar em cheio aos fãs e um novo formato. Com o subtítulo "Um Ano para Recordar", o programa ressurge como uma espécie de minissérie em quatro superepisódios de 90 minutos, cada um ligado a uma estação do ano.

    Para os que acompanhavam mais de perto a série, a grande notícia foi o retorno de Amy-Sherman Paladino ao roteiro. Criadora do show, Amy tocou o barco até a sexto ano, brigou com a Warner e não escreveu a temporada seguinte. Apesar de as críticas dos aficionados pelo programa recaírem apenas sobre a última temporada, "Gilmore Girls" já apresentava sinais de desgaste desde o quinto ano —para quem quiser refrescar a memória, a Netflix também resgatou a série na íntegra.

    A série contava, e ainda conta, as aventuras, dramas e romances de Lorelai Gilmore (Lauren Graham), mãe solteira e independente, e sua filha, Rory (Alexis Bledel), adolescente devoradora de livros e estudante exemplar, que moram na bucólica e fictícia Stars Hollow, local apinhado de personagens exóticos. Com diálogos rápidos e uma metralhadora de referências pop, a trama parecia uma mistura de filme da Disney com uma excentricidade à la David Lynch.

    Na época de seu lançamento, disputava a preferência (e perdia) com a queridinha "Friends" e a apimentada "Sex and the City". Apesar disso, encontrou seu público cativo, formado principalmente por meninas adolescentes e jovens mulheres, que torciam pelas protagonistas. Curioso perceber hoje que as fãs de Rory talvez se identifiquem mais com Lorelai.

    CUIDADO - O CONTEÚDO ABAIXO PODE CONTER SPOILERS

    Agora, Rory é uma mulher de 32 anos. Sua carreira de jornalista não decolou exatamente como ela esperava. Apesar dos bons textos e artigos publicados até na "New Yorker", ela tem dificuldade de conseguir um emprego fixo. Sua personagem é provavelmente a que traz mais dinâmica aos novos episódios. Também porque quase tudo continua como dantes em Stars Hollow, com a maioria dos atores retomando seus papéis —incluindo o impagável Kirk (Sean Gunn), uma das melhores criações de toda a série.

    Porém, logo nas primeiras sequências de "Inverno", estação que abre "Um Ano para Recordar", uma ausência se faz notar: Edward Hermann. O ator que interpretava Richard Gilmore (pai de Lorelai) morreu em 2014. A ficção aproveita a deixa e começa mais ou menos no período da morte do patriarca dos Gilmore, tema, aliás, que serve para criar mais uma rusga entre Lorelai e sua mãe, Emily (Kelly Bishop), personagem que deixa de ser coadjuvante e ganha merecido destaque.

    As excentricidades que marcaram a série estão lá: as reuniões da cidade chefiadas por Taylor (Michael Winters), os novos empregos de Kirk (ele lança o serviço Ööö-ber para concorrer com o Uber), o trovador cantando pelas ruas, a ranhetice de Luke (Scott Patterson) com novas tecnologias em sua lanchonete, que já não permitia o uso do celular (a piada agora é com o wi-fi), os chiliques de Paris (Liza Well) etc.

    Mas são os interesses românticos de Lorelai e Rory que continuam no cerne da questão. Amy-Sherman respeitou a diretriz tomada na sétima temporada, mas tentou dar um jeito para manter as opções em aberto, principalmente com Rory. Os fóruns que pulularam na internet torcendo para o "time Jess", "time Dean" ou "time Logan" (namorados mais famosos de Rory) terão suas dúvidas sanadas —talvez todos saiam satisfeitos... ou não.

    E as referências a David Lynch continuam fortes: em "Inverno", o ator Ray Wise (famoso como pai de Laura Palmer em "Twin Peaks") aparece como um antigo amigo de Richard; em "Outono", Lorelai e Luke vão ao cinema ver "Ereaserhead".

    Para os nostálgicos, os quatro episódios dão conta de várias participações especiais, incluindo a do roqueiro Sebastian Bach (que integrava a banda de rock da cidade), e de Melissa McCarthy, atriz que mais se destacou desde 2007, estrelou sua própria série ("Mike & Molly") e se tornou uma comediante bem-sucedida nos cinemas.

    Apesar de poucas novidades, "Um Ano para Recordar" não deve desagradar aos que acompanhavam a série. De quebra, finalmente todos vão saber quais são as quatro palavras que a criadora Amy-Shelly queria para fechar a trama. Elas não serão reveladas aqui, claro. Mas digamos que é possível afirmar que a partir delas dava para fazer até um "reboot".

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    GILMORE GIRLS: UM ANO PARA RECORDAR
    QUANDO todos os episódios estão disponíveis na Netflix

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