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    Corpo de Ferreira Gullar é levado à ABL em cortejo pelo centro do Rio

    DO RIO

    05/12/2016 12h40

    O corpo de Ferreira Gullar ganhou cortejo público pelas ruas do centro do Rio na manhã desta segunda-feira (5).

    O corpo foi levado em um carro fúnebres da Biblioteca Nacional à Academia Brasileira de Letras, a 450 metros de distância.

    Parentes e amigos aplaudiram no momento em que o caixão deixou o salão da Biblioteca Nacional. O grupo acompanhou o cortejo carregando flores. Ao chegar, o cortejo foi recebido por uma ABL cheia.

    Estava lá o cantor Fagner, cujo maior sucesso, "Borbulhas de Amor", foi composto em parceria com Gullar.

    "Conversei com ele há um mês, propus de fazermos novas músicas. No início ele estava desestimulado, mas uma semana depois, ficou muito animado", contou Fagner.

    "Tive a honra de conviver com essa figura maravilhosa das artes. Foi muito generoso o tempo inteiro comigo. Fui apresentado a ele pelo Vinicius de Moraes, que me disse, 'Fagninho: estou indo mas vou te deixar com maior poeta de todos os tempos'. Respondi: 'ué não é você?' E então conheci o Gullar.

    Políticos marcaram presença no velório. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, que conheceu Gullar, relembrou histórias da época em que o conheceu, durante o período da ditadura.

    "Ele morava num apartamento que havia sido meu. Um dia a polícia chegou para me prender, mas era ele quem estava. Como ele também se chamava José, foi a maior confusão. Foi assim que soube que estavam atrás de mim."

    "Eu o conheci primeiro como um quadro militante, depois, como grande poeta. Era acima de tudo um homem lúcido. Não teve dúvidas de deixar para trás ideias que não deram certo, sempre em compromisso com a democracia. Vai fazer muita falta", disse Serra.

    Gullar era conhecido recentemente por sua posição contra o marxismo, ele que fora militante do Partido Comunista.

    Entre os presentes estava também o ex-deputado Fernando Gabeira.

    "Foi um grande poeta, um grande brasileiro e um grande maranhense, muito devotado ao seu Estado. Simplesmente um dos maiores poetas que a Academia já teve. Recentemente foi um articulista muito lúcido sobre o país, além de ter feito parte da resistência na década de 60", disse Gabeira.

    Também esteve presente o ministro da Defesa Raul Jungmann.

    "Meu primeiro contato com Gullar foi aos 17 anos. Foi alguém que conheci a distancia pela poesia e, mais tarde, pessoalmente. Sua obra nos enriquece", disse Jungmann.

    À tarde, o corpo do poeta seguirá para o mausoléu da ABL no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na zona sul, onde será enterrado.

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