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    Colecionadores poderosos de Miami destacam Brasil durante a Art Basel

    SILAS MARTÍ
    ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

    06/12/2016 02h25

    Viciados na maior feira dos Estados Unidos, a Art Basel Miami Beach, notaram ausências nos corredores do centro de convenções que lembra um Carnaval de rua nessa época. O nervosismo com a eleição de Trump e um surto de zika no mais famoso balneário americano, de fato, espantaram colecionadores, mas o Brasil parece ter saído vencendo.

    Duas das maiores coleções privadas de Miami, com influência inquestionável sobre o rumo dos acervos dos museus americanos, escolheram o momento da feira para montar exposições destacando trabalhos de seus artistas brasileiros, entre eles queridinhos da cena contemporânea e outros superconsagrados.

    Depois de anunciar a construção de um novo museu, que deve ser inaugurado em dois anos, o casal Don e Mera Rubell, entre os mais poderosos mecenas americanos, abriram uma mostra com 12 artistas do Brasil no centro de Miami.

    "Temos 7.300 obras de arte, mas esses trabalhos são alguns dos melhores que já mostramos", dizia Juan Valadez, diretor do museu da família, numa visita à mostra. "Somos fãs desses artistas."

    Na mostra estão peças de nomes em ascensão no circuito global, como André Komatsu, Paulo Nazareth e Sônia Gomes. Uma enorme instalação de Thiago Martins de Melo, que estava na Bienal de São Paulo há dois anos, também foi comprada pelos Rubell e ocupa uma das maiores salas da exposição.

    Não muito longe dali, Ella Fontanals-Cisneros, da mesma família que acaba de doar um acervo de mais de cem obras de arte latino-americanas ao MoMA, abriu uma mostra em sua fundação organizada por Eugenio Valdés e Katrin Steffen, que dirigiram a Casa Daros, no Rio.

    Na abertura, colecionadores brincavam na instalação de Marcius Galan, nome forte do cenário brasileiro que montou ali uma sala que parece dividida por grandes chapas de vidro mas que não passa de uma ilusão de óptica criada com distintos tons de verde pintados na parede.

    Também na mostra, trabalhos históricos de Hélio Oiticica, Mira Schendel e Anna Maria Maiolino despertavam a inveja de alguns colecionadores brasileiros no vernissage.

    Essa presença de peso do Brasil no circuito americano, começando por Miami, se deve em grande parte ao poder da Art Basel, que virou a maior plataforma do mercado de arte latino-americana no mundo, e feiras paralelas como a Pinta, que começou em Nova York e migrou para o balneário no sul dos EUA depois do sucesso da feira principal.

    "Temos um compromisso com o mercado latino e nos esforçamos para dar espaço a novas galerias", diz Noah Horowitz, diretor da Art Basel. "Estamos animados com a transformação de Miami, que virou um lugar de encontro."

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