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    Peter Hook, que faz show hoje, fala do passado com Joy Division e New Order

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    06/12/2016 17h00

    Peter Hook, 60, que fez história no rock como baixista das bandas inglesas Joy Divison e New Order, faz show nesta terça (6), no Cine Joia, em São Paulo, com ingressos esgotados. Acompanhado de seu grupo, The Light, ele vai apresentar músicas das duas bandas. Ambas lançaram coletâneas com o mesmo título, "Substance", que dá nome ao show.

    Essa turnê mistura pela primeira vez os repertórios. Desde o começo da década, Peter Hook & The Light resgatam esse material. Começaram com shows só com músicas do Joy Division, com Hook assumindo os vocais de Ian Curtis, que se suicidou em 1980, aos 23 anos. Sua morte fez o Joy Division passar a se chamar New Order, com o guitarrista Bernard Sumner atuando também como vocalista. Nas últimas temporadas, Hook passou a resgatar ao vivo os discos do New Order, em ordem cronológica.

    Mark McNulty/Divulgação
    O baixista inglês Peter Hook, ex-integrante das bandas 'New Order' e 'Joy Division
    O baixista inglês Peter Hook, ex-integrante das bandas New Order e Joy Division

    Hook admira Curtis. Quanto a Sumner, os dois vivem agora uma relação de ódio. O baixista deixou a banda e não gosta que os companheiros sigam usando o nome New Order sem sua participação. Na entrevista a seguir, Hook fala de sua turnê, da influência de suas bandas no rock atual e da guerra aberta a Sumner, que aumentou de intensidade após cada um publicar um livro de memórias.

    Por pouco os dois não se encontram no Brasil. O New Order deu show em São Paulo no último dia 1º.

    Folha - Quando retoma essas músicas, que você mesmo já disse ter ficado sem escutar por décadas, que tipo de recordação elas trazem?
    Peter Hook - Tem sido um prazer revisitar muitas das canções. Algumas nunca foram tocadas ao vivo antes, trazê-las de volta é como redescobri-las. Eu tive que passar por todo o material quando decidimos começar essa jornada e eu o escutei com ouvidos diferentes. Nós construímos um catálogo tão rico e extenso que me sinto profundamente orgulhoso e também bastante humilhado com o que conseguimos com ambas as bandas. Não temos mais isso.

    O impacto que essas canções tiveram no passado, e a relevância que ainda têm, surpreende você?
    Sim, muito. Quando começamos como Joy Division, nós honestamente não tínhamos ideia de como o material seria recebido. Embora com algum sucesso inicial, estávamos realmente apenas começando como uma banda quando Ian morreu. Então, como New Order, passamos a incorporar a tecnologia emergente dos anos 80 em nossa música, que teve um monte de trabalho e dedicação. Suponho que foi com o segundo álbum, "Power, Corruption & Lies", e em faixas como "Temptation", que encontramos nosso rumo. Veio então realmente o período de ouro do New Order e trabalhamos duro, com grande sucesso. Foi muito gratificante quando "Bizarre Love Triangle" tornou-se um sucesso internacional. Levamos nossas turnês mais longe, lugares como Austrália e América do Sul, incluindo o Brasil. Foram as reações e a hospitalidade dos fãs que mostraram a influência que tivemos e que continuamos a ter. Quando você vê o público cantando junto não só as faixas mais conhecidas, mas também as outras faixas dos álbuns, ele mostra o alcance que tivemos com ambas as bandas.

    Como você se sente quando escuta bandas emulando Joy Division ou New Order?
    Ambos, agora e agora, são tempos difíceis, mas por razões diferentes. Quanto às bandas que estão sendo influenciadas pelo Joy Division, houve um monte delas há alguns anos, mas a coisa engraçada é que em algum momento eu percebo isso e às vezes é muito menos aparente. Bandas como White Lies ou Interpol foram comparadas a nós. É muito agradável e serve como testemunho do trabalho que fizemos.

    Você acha que o lançamento dos livros escritos por você e Sumner levaram a briga de vocês a um ponto sem volta?
    Não, acho que isso já tinha sido alcançado antes, quando eles usaram métodos escusos para mudar a banda pelas minhas costas e tomar o nome New Order. Tenho uma ação contra eles, ainda estou lutando na Justiça. Bernard escolheu ser altamente crítico comigo em seu livro, foi muito cruel e rancoroso, enquanto foi bastante benevolente com um monte de outras pessoas.

    Falando sobre o seu último livro, o jornal "The Guardian" disse: "Hook retrata seus companheiros de banda como músicos inspirados, embora às vezes descuidados, mas seres humanos deploráveis". Você sabe como foi a reação deles?
    Não. Eu sempre tentei representar a história e as bandas, assim como eu me lembro dela, e quis ser o mais honesto possível. Não há dúvida de que o que conseguimos em ambas as bandas musicalmente foi algo grande. Quanto a saber o que eles pensam do livro, não sei, toda a nossa comunicação é entre advogados.

    Suas bandas afetaram pessoas de várias gerações. Então, quando você olha para o público, é legal para ver crianças e adolescentes?
    Sim, eu acho muito espantoso quando olho para a plateia e há adolescentes com camisetas do Joy Division. Isso tende a acontecer mais com o Joy Division do que com o New Order, mas mostra como os catálogos das bandas são fortes. Quando eu comecei a fazer shows dos álbuns, eu esperava que fossem aparecer velhos como eu, mas a multidão é muito mesclada, em todo o mundo. É fantástico, depois de 40 anos tocando música, ainda estar influenciando as pessoas e trazendo a geração mais jovem para o seu trabalho. Mais uma vez, mostra a força do apelo do que todos nós conseguimos.

    *

    PETER HOOK & THE LIGHT
    QUANDO terça (6), às 22h
    ONDE Cine Joia, r. Carlos Gomes, 82, tel. (11) 3101-1305
    QUANTO Ingressos esgotados

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