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    Arrastões da 'perifa' geraram mudança na Virada, diz secretário de Doria

    GABRIELA SÁ PESSOA
    RODOLFO VIANA
    DE SÃO PAULO

    06/12/2016 19h31

    Fabio Braga/Folhapress
    Grupo Nação Zumbi no palco Julio Prestes encerra a Virada Cultural 2016
    Grupo Nação Zumbi no palco Julio Prestes, no fim da Virada Cultural 2016

    Fabio Santos, vice-presidente da agência de comunicação CDN e nome escolhido pelo prefeito eleito João Doria para assumir a Secretaria de Comunicação, afirma que um dos motivos para o governo tucano levar parte da Virada Cultural para o Autódromo de Interlagos é "a galera que vem da perifa".

    "Na Virada, o que acaba acontecendo —me perdoe a crueza— é que você tem uma galera que vem da perifa, alguns organizados para fazer isso", disse Santos à Folha, na tarde de terça (6).

    "Você deve ter visto em alguns momentos aqueles arrastões que eles fazem nas ruas transversais que ligam a praça da República ao viaduto do Chá."

    Ele afirma entender "um pouquinho disso [violência na Virada]". "Atendo ainda —estou me desvinculando da empresa onde trabalho— a Secretaria de Segurança Pública [do Estado de São Paulo]". A CDN é a agência responsável pela assessoria de imprensa do órgão.

    Ele diz que "o problema da Virada é que a Polícia Militar não tem capacidade de controlar os pontos de acesso [às atrações], que são os mais variados".

    A reportagem pediu à CDN números de ocorrências na Virada, mas a agência disse que não tinha esses dados. Santos afirma que, além da segurança, há a "questão sanitária", pois "a Virada vira um banheiro a céu aberto".

    VOLTA O CENTRO

    Na manhã de terça, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, o cineasta André Sturm, que assumirá a secretaria de Cultura na gestão de Doria, afirmou que "a Virada Cultural não vai acabar; vai melhorar".

    Sturm disse ainda que Interlagos será apenas um dos locais e que continuará a haver atividades no centro.

    "Em vez de oito ou dez megapalcos que atraem uma multidão que fica perambulando pelo centro, haverá grandes shows em Interlagos, com mais conforto, segurança, área de alimentação, banheiros e até área para dormir, se as pessoas quiserem", afirmou.

    Suas afirmações, contudo, contradiziam o que fora anunciado por Doria na segunda (5). Durante evento na Fecomércio o prefeito eleito afirmou que a Virada Cultural será deslocada "para um único local e não vai ser no centro da cidade".

    "Vamos fazer a Virada Cultural acontecer em Interlagos, 24 horas, com segurança, com transporte, com conforto e sem os transtornos que, infelizmente, pela dimensão que ela assumiu ela proporciona. Ela vai manter tudo de bom que ela sempre teve, sem os aspectos ruins em Interlagos", disse Doria no anúncio.

    O anúncio gerou diversas críticas sobre a descaracterização do evento, inclusive do ex-secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, e do ex-secretário estadual de Cultura e autor da lei que criou a Virada Cultural, Andrea Matarazzo. Também levou frequentadores a criar uma "Virada Clandestina".

    Segundo a assessoria do prefeito eleito, a prefeitura não precisará pagar aluguel para usar o autódromo, que deve ser privatizado na gestão de Doria. A ideia é que o concessionário que assuma o espaço lucre "com a venda de bebidas, estacionamento e outros serviços" durante a Virada.

    Na tarde de terça, a Folha voltou a falar com André Sturm, para esclarecer a divergência entre os discursos.

    Sturm reafirmou que Interlagos deve receber megashows —a previsão é que haja ali um palco grande e outros dois, menores— e reforçou a afirmação de que seriam mantidas atividades no centro da cidade.

    Segundo o futuro secretário de Cultura, a gestão considerou usar o estádio do Pacaembu para a Virada, mas o local não pode receber shows.

    Equipamentos já existentes na região central, como o Theatro Municipal e a Biblioteca Mario de Andrade, ficariam abertos 24 horas e receberiam eventos. Existe ainda a possibilidade de usar unidades do Sesc.

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