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    Livros de mesa trazem documentos e fotos de David Bowie e Elvis Presley

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    11/12/2016 02h00

    Imagens da Amazônia e reproduções de obras de arte vêm ganhando cada vez mais a companhia de roqueiros.

    É um filão muito específico do mercado editorial: os livros de mesa. Grandes, coloridos e decorativos, embora alguns mereçam mérito extra por adicionar à beleza do pacote alguns bons textos.

    Bandas e artistas de rock e pop têm fornecido material para um subgênero desse filão, com obras editadas dentro de caixas, que chegam ao leitor com mimos para satisfazer fãs exigentes.

    Esses presentinhos são ingressos de shows, pôsteres de turnês, cartas manuscritas e documentos diversos. São reproduções soltas, guardadas em envelopes espalhados pelas páginas e impressos em papeis imitando os originais.

    E, se a busca é por variedade visual, David Bowie larga na frente de todo mundo. Morto em janeiro deste ano, aos 69 anos, o cantor inglês ficou conhecido como alguém que, numa jornada criativa de constante reinvenção, trocou de estilo musical como quem troca de roupa. E ele trocou muito de roupa.

    "David Bowie - História, Discografia, Fotos e Documentos", lançado agora no Brasil pelo Publifolha, selo editorial do Grupo Folha, é praticamente um catálogo das roupas e cortes de cabelo ostentados por Bowie desde os anos 1960, quando surgiu na esteira visual do movimento "mod".

    Como mostra o livro, Bowie logo ultrapassou esses limites e em pouco tempo contribuiu para mudanças profundas no comportamento jovem.

    Criou o glitter rock, que borrou as linhas que dividiam os gêneros. Meninos e meninas queriam ser Bowie e se vestiam como ele.

    Além de 20 documentos oferecidos em fac-símiles, a obra tem textos do jornalista Mike Evans, muito informativos sobre a trajetória musical e comportamental do ídolo.

    O volume também traz um número expressivo de imagens, algumas bem raras até para os fanáticos.

    CONTRATO DE TRABALHO

    David Bowie
    Mike Evans
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    Na produção de capas de discos e pôsteres de turnês, muitas vezes David Bowie substituiu o narcisismo das fotos tradicionais das estrelas do entretenimento por criações gráficas, feitas por diversos artistas, em cima de sua imagem.

    Mais uma vez, como acontecia ao escolher parceiros musicais, mostrou sintonia com artistas de vanguarda.

    Entre as reproduções mais curiosas estão duas de documentos dos anos 1960: um contrato de trabalho de um iniciante Bowie no mítico clube londrino Marquee, pelo cachê de 20 libras (cerca de R$ 1.500 hoje) por uma noite, e o cartaz de um show do T. Rex, grupo do então jovenzinho Marc Bolan (1947-1977).

    No cartaz, é anunciado um show de abertura com David Bowie fazendo... mímica. Eram experimentos para outros possíveis rumos na carreira do camaleão.

    No mesmo panfleto, é anunciada a participação de John Peel (1939-2004), que se tornaria o maior DJ da história do rock inglês.

    Às vezes, o mais interessante está em quem divide os cartazes com Bowie. Alguns panfletos de shows mostram o cantor tocando na mesma noite com lendas britânicas como Status Quo, Slade e Faces -banda que tinha Rod Stewart nos vocais e Ronnie Wood (desde 1975 nos Rolling Stones) na guitarra.

    Talvez o livro incite leitores a procurarem biografias mais extensas e completas de Bowie, mas será difícil achar outra com tanto impacto visual.

    ELVIS PRESLEY
    Outro livro de mesa roqueiro é "Elvis Presley - História, Discografia, Fotos e Documentos". Tem mais material do que o volume similar com Bowie. Mas surpreende menos.

    É compreensível. Morto em 1977, aos 42 anos, o rei do rock tem seu legado celebrado há quatro décadas. Só de biografias publicadas no mundo todo são cerca de 1.500 títulos.

    Assim fica difícil surpreender o fã. Apesar disso, o livro-box com 29 fac-símiles traz curiosidades. Uma delas é um cheque de US$ 55 mil (cerca de R$ 1,4 milhão hoje), assinado pelo astro em 1964, para a compra de um iate.

    Outras reproduções são cartas, contratos, ingressos de shows e convites para pré-estreias de seus filmes.

    O "tijolão" impressiona mais pelo acabamento apurado e pelos bons textos, que conduzem o leitor pelos altos e baixos da vida de Presley.

    Elvis Presley
    Gillian G. Gaar
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    Enquanto o livro de Bowie é escrito de forma estritamente cronológica, o de Elvis está dividido em capítulos temáticos, como atuações no cinema, casamento ou shows em Las Vegas. A biógrafa Gillian G. Gaar consegue dessa forma uma narrativa mais ágil.

    Claramente fã do artista, a escritora dá menos espaço à fase decadente, do Elvis roliço e encharcado em Las Vegas.

    O que fulgura no volume é o Elvis jovem, sedutor e rebelde. Mas é esse que os fãs querem guardar na memória.

    DAVID BOWIE - HISTÓRIA, DISCOGRAFIA, FOTOS E DOCUMENTOS
    AUTOR Mike Evans
    TRADUÇÃO Thais Costa
    EDITORA Publifolha
    QUANTO R$ 129,90 (64 págs.)

    +

    ELVIS PRESLEY - HISTÓRIA, DISCOGRAFIA, FOTOS E DOCUMENTOS
    AUTOR Gillian G. Gaar
    TRADUÇÃO Rosemarie Ziegelmaier
    EDITORA Publifolha
    QUANTO R$ 159,90 (120 págs.)

    Edição impressa

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