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    Estilista senegalesa que chamou a atenção de Beyoncé dá palestra em SP

    BRUNA BITTENCOURT
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    12/12/2016 02h10

    Divulgação
    A estilista senegalesa Selly Raby Kane (em foto de divulgação sem data)
    A estilista senegalesa Selly Raby Kane, que dá palestra em São Paulo, no evento What Design Can Do

    Aos oito anos, Selly Raby Kane viu seu nome escrito em um jornal infantojuvenil em Dacar, capital do Senegal. Como a Redação da publicação era próxima à sua casa, foi até lá tirar satisfação.

    Descobriu que se tratava de uma homônima, mas a equipe do jornal achou graça na história e a convidou a fazer parte do time de crianças que sugeriam temas para os artigos da publicação.

    "Era um jornal para dar voz aos jovens", conta Selly, 29. "Isso me chamou a atenção para o poder que temos a fim de que nossas opiniões sejam ouvidas. Foi um período muito importante para mim."

    Um de muitos: aos 16 anos, ela representou o Senegal na Sessão Extraordinária para o Direito das Crianças na sede da ONU, em Nova York; aos 28, foi escolhida como um dos 500 jovens africanos com capacidade de impactar seu entorno para participar nos EUA Unidos da bolsa de estudos Mandela Washington, promovida por Barack Obama.

    Selly até planejou uma carreira como advogada, mas seu engajamento acabou tomando forma em roupas.

    As peças da estilista evocam as estampas vibrantes e coloridas africanas, mas com elementos como mangas extravolumosas ou bolsos transparentes e um apelo urbano, chamando a atenção da "Vogue" italiana e de Beyoncé.

    Ao lado de outros nove designers e arquitetos africanos, Selly desenvolve um projeto para a gigante de móveis sueca Ikea, mas seu trabalho também tem vocação artística.

    Na Bienal de Dacar deste ano, ela apresentou o projeto ElseWhen, criado com 12 artistas de seis países da África.

    "Projetamos uma cidade do continente em um mundo paralelo, com instalações monumentais e um filme de realidade virtual, pelo qual as pessoas podiam entrar nela."

    Em março, Selly será diretora criativa do Design Indaba, uma das principais conferências africanas sobre o tema, na Cidade do Cabo.

    ROUPAS DE ALIEN

    Nome influente da cena alternativa de Dacar, há quatro anos ela lançou sua marca, a SRK. Neste mês, ela visita São Paulo para a segunda edição brasileira da conferência internacional What Design Can Do. Aproveita a passagem para vestir Xênia França, vocalista da banda paulistana Aláfia, e vender sua peças numa banquinha que será montada após a palestra.

    Selly não se limitou a desenhar croquis e já ajudou a revitalizar uma estação de trem centenária de Dacar, em 2014, após fazer dela cenário para o desfile da sua coleção Alien Cartoon, que teve peças exibidas nos museus Louisiana (Dinamarca) e Guggenheim de Bilbao.

    Com a ajuda de 120 colaboradores (de atores a artistas plásticos) e por meio de financiamento coletivo, a senegalesa transformou o espaço em um cidade africana invadida por extraterrestres.

    "Em Dacar, você sempre encontra um grande talento como alguém que está fazendo esculturas gigantes, mas no menor ateliê do mundo."

    Antes de se descobrir entre os prodígios da cidade, Selly foi estudar na França, onde cursou faculdade de administração de empresas e seguiu com um mestrado em direito. Mas, durante a graduação, entre uma aula e outra, começou a esboçar suas roupas. "Costumava desenhar muito com meu pai, mas com o ativismo, isso acabou ficando para trás."

    *

    WHAT DESIGN CAN DO

    QUANDO 13 e 14/12, das 9h30 às 18h30 (Selly fala às 16h50 de terça)

    ONDE Faap, r. Alagoas, 903, tel. (11) 3662-7000

    QUANTO de R$ 200 a R$ 690, em www.whatdesigncando.com.br

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