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    Músico Lukash lança clipe com ativista transexual em cenas de nudez

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    15/12/2016 12h00

    De seios à mostra, à ativista transexual Indianara Siqueira é apalpada por dois rapazes completamente nus, enquanto luzes vermelhas e azuis, piscando sob efeito estroboscópico, iluminam os corpos dos três.

    Para o videoclipe da música "Bed Time Blues", o músico Lukash diz que buscou uma rebelião libidinosa pela "real abolição de todas as escravaturas".

    Nessas escravaturas ele insere a perseguição a índios, mulheres, negros, gays, pobres, transgêneros e, claro, todas as formas de repressão às liberdades do corpo.

    "É um chamamento erótico ao amor carnal, transcendental, num momento da história de nossas vidas em que os corpos estão mais uma vez sendo violentados, castrados, reprimidos por essa onda obscurantista de violência e agressividade", descreve o carioca de 36 anos.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    O músico Lukash posa em uma laje na Pompeia
    O músico Lukash posa em uma laje na Pompeia

    Lukash diz que não tem medo da grita que pode surgir com as imagens explícitas do clipe, dirigido por Helô Duran.

    "O medo é a arma dessa sociedade opressora", afirma. "A nudez masculina e a nudez transexual só são transgressoras porque a esse mundo machista e consumista só interessa a nudez das mulheres."

    O artista conta que escalou Indianara para o clipe porque ela "carrega no corpo todas as ideias de revolução: pode ser mais uma pessoa massacrada, mas transformou isso em potência".

    Cantada em inglês, "Bed Time Blues" faz parte do disco "FoGo", que o músico carioca lançou em agosto em plataformas virtuais. Nesse seu álbum de estreia, Lukash ginga pelo samba, pelo rock e pelo carimbó em letras politizadas.

    As canções também revolvem o próprio universo do artista, ex-ator da companhia do Teatro Oficina: abordam mitologia, indianismo e uma figura histórica sempre presente, o imperador romano Heliogábalo -jovem monarca assassinado após colecionar polêmicas religiosas e vários amantes do sexo masculino.

    Lukash (ou Lucas Weglinski no RG) também bota em seu liquidificador de referências os preceitos de Antonin Artaud, os poemas de Arthur Rimbaud e as imagens de Glauber Rocha, tudo devidamente misturado e mastigado em seu bolo de cultura antropofágica.

    "É o Brasil, né?", diz sobre toda a mistura. "Jorge Mautner diz que o que salvou o país é o amálgama."

    O músico tem shows agendados para janeiro. Vai cantar gratuitamente no aniversário de São Paulo, no dia 25/1, às 18h, no Espaço de Resistência Artística (r. Oiticicas, 466, Jabaquara) e, embarca em seguida para Salvador, onde faz show no dia 27/1, às 21h, no LáLá Multiespaço (rua da Paciência, 329, Rio Vermelho), a R$ 30.

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