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    Filme brasileiro 'Pequeno Segredo' está fora da corrida do Oscar

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    15/12/2016 23h09

    O filme nacional "Pequeno Segredo", de David Schurmann, está fora da corrida para o Oscar. O drama dirigido pelo catarinense era a escolha brasileira para tentar uma das vagas na categoria de melhor filme estrangeiro.

    A lista de nove finalistas, também conhecida como "shortist", foi divulgada nesta quinta (15). Nela estão filmes elogiados como "Toni Erdmann", de Maren Ade (Alemanha) e "É Apenas o Fim do Mundo", de Xavier Dolan (Canadá).

    Esses longas disputarão as cinco vagas de filmes indicados ao Oscar, que só serão anunciadas em 24 de janeiro. A cerimônia está marcada para 26 de fevereiro, em Los Angeles.

    À Folha, o diretor do longa afirmou que "não ir ao Oscar não desmerece 'Pequeno Segredo'" (leia o texto de Schurmann na íntegra).

    Divulgação
    Cena do filme 'Pequeno Segredo
    Cena do filme 'Pequeno Segredo'

    Autobiográfico, "Pequeno Segredo" gira em torno da história da adoção de uma menina soropositiva pela família de velejadores Schurmann.

    A sua escolha para representar o Brasil, feita por uma comissão instituída pelo governo, foi marcada por controvérsia.

    Isso porque o favorito à vaga era "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, que estreou na competição do Festival de Cannes, em maio, sob um protesto feito pela equipe do filme contra o impeachment de Dilma Rousseff.

    Em agosto, o Ministério da Cultura anunciou entre os membros da comissão do Oscar o comentarista de cinema Marcos Petrucelli, que já havia usado seus perfis em redes sociais para depreciar o protesto feito por Kleber. A informação foi antecipada pela coluna "Sem Legenda", da Folha.

    A indicação de Petrucelli motivou a classe cinematográfica a acusar o governo Temer de estar retaliando "Aquarius" por causa do protesto em Cannes.

    Conforme aumentou a controvérsia, dois integrantes do comitê -o diretor Guilherme Fiúza Zenha e a atriz Ingra Lyberato- deixaram o posto e foram substituídos pelos cineastas Bruno Barreto e Carla Camurati.

    E três diretores desistiram de inscrever seus filmes em apoio ao longa de Kleber: Aly Muritiba ("Para Minha Amada Morta"), Anna Muylaert ("Mãe Só Há Uma") e Gabriel Mascaro ("Boi Neon").

    Petrucelli disse que sua contrariedade se limitava às posições políticas do diretor e que isso não iria afetar seu julgamento na comissão. Outros membros também negaram a partidarização.

    O escolhido, no entanto, foi "Pequeno Segredo", que tinha um perfil mais "adequado" aos gostos da Academia, segundo o comitê. A eleição gerou mais grita no meio cinematográfico e suspeitas de retaliação a "Aquarius".

    O Brasil foi indicado quatro vezes ao Oscar de melhor filme estrangeiro: por "O Pagador de Promessas" (1963), "O Quatrilho" (1996), "O Que É Isso, Companheiro?" (1998) e "Central do Brasil" (1999). Mas nunca levou o prêmio.

    Confira a lista dos nove finalistas:

    - "Tanna", de Bentley Dean e Martin Butler (Austrália)
    - "É Apenas o Fim do Mundo", de Xavier Dolan (Canadá)
    - "Land of Mine", de Martin Zandvliet (Dinamarca)
    - "Toni Erdmann", de Maren Ade (Alemanha)
    - "O Apartamento", de Asghar Farhadi (Irã)
    - "The King's Choice", de Erik Poppe (Noruega)
    - "Paradise", de Andrei Konchalovsky (Rússia)
    - "A Man Called Ove", de Hannes Holm (Suécia)
    - "My Life as a Zucchini", de Claude Barras (Suíça)

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