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    Cia. Mungunzá cria teatro com dez contêineres no centro de SP

    MARIANA MARINHO
    DE SÃO PAULO

    17/12/2016 02h00

    Com enxadas nas mãos, o ator Lucas Beda e o cenotécnico Pedro Augusto espalham pedras de construção pela área externa do teatro de contêineres que a Cia. Mungunzá de Teatro pretende estrear neste domingo (18).

    "Será uma inauguração afetiva para apresentar e compartilhar o processo de criação deste espaço que vai nascer no ano que vem", diz Beda, que integra o grupo ao lado dos artistas Marcos Felipe, Virginia Iglesias, Sandra Modesto, Verônica Gentilin, Pedro Augusto e Leonardo Akio. "É para as pessoas já irem conhecendo e participando do projeto", completa.

    A abertura oficial será em março com uma temporada de "Luis Antonio - Gabriela", espetáculo dirigido por Nelson Baskerville com o qual o coletivo ganhou projeção em 2011. A peça conta a história do irmão mais velho do diretor, Luis Antonio (1953-2006), um homossexual que nos anos 1960 parte para a Espanha e assume a identidade da travesti Gabriela.

    Lucas Beda/Divulgação
    Estrutura deve receber espetáculos, pequenos shows e projeções de filmes ao ar livre
    Estrutura deve receber espetáculos, pequenos shows e projeções de filmes ao ar livre

    Levantado em praticamente dois meses em um terreno próximo à estação da Luz, no centro de São Paulo, o teatro é formado por dez contêineres marítimos. No espaço cênico, dois deles quebram o escuro das caixas com paredes de vidro que possibilitam que atores e plateia possam ver e ser vistos por quem passa pela rua. Uma lanchonete, um escritório, e um camarim (também envidraçado) completam a estrutura.

    Segundo Leonardo Akio, artista visual e membro da Mungunzá, a escolha do material seguiu uma lógica de funcionalidade, por ser mais barato e móvel. "Mas, como também temos um carinho pelas caixas onde guardamos as coisas do grupo e já fizemos peça em andaimes ["Poema Suspenso para Cidade em Queda"; 2015], trabalhar com contêineres segue um pensamento modular de construção que é presente em nossa pesquisa", explica.

    O teatro foi inteiramente financiado pela companhia. "Durante oito anos, conseguimos guardar 10% de tudo o que ganhamos. Esse caixa, em torno de R$ 250 mil, seria para fazermos uma nova montagem ou um espaço, algo que sempre pensamos", comenta Akio.

    Além de espetáculos, o local pretende promover outras atividades culturais, como projeção de filmes ao ar livre e pequenos shows.

    A área externa, por exemplo, terá um playground criado com cerca de cem tambores de aço, fruto de uma parceria com o coletivo espanhol Basurama, que trabalha com artes plásticas e reciclagem.

    Neste domingo, os microfones estarão abertos para quem quiser trazer seu instrumento e fazer um som.

    "Nossa ideia é criar um espaço que dê conta de diversas ações e que seja sustentável, sem agredir a cidade", afirma Lucas Beda.

    TEATRO DE CONTÊINER DA CIA. MUNGUNZÁ
    QUANDO dom. (18), das 14h às 21h.
    ONDE r. dos Gusmões, 43, s/tel.
    QUANTO grátis

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