• Ilustrada

    Saturday, 04-May-2024 11:15:22 -03

    Brasil terá filmes dirigidos por Daniela Thomas e Julia Murat na Berlinale

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    21/12/2016 02h50

    É por meio do olhar feminino que o Brasil dará as caras no próximo Festival de Berlim, uma das mais prestigiosas mostras de cinema, que irá de 9 a 19 de fevereiro.

    As diretoras Daniela Thomas e Julia Murat estão entre os nomes anunciados na manhã de terça (20) cujos filmes participarão da Panorama, seção paralela à competição principal do festival.

    Os dois longas trazem, além do olhar feminino, uma presença forte de personagens mulheres nas tramas.

    O drama "Vazante", de Daniela Thomas, aborda a feminilidade sob o ponto de vista do abuso, ambientado nas Minas Gerais do século 19.

    Divulgação
    Luana Nastas e Adriano Carvalho em cena de 'Vazante
    Luana Nastas e Adriano Carvalho em cena de 'Vazante'

    A menina Beatriz (papel da estreante Luana Nastas) é dada em casamento a Antonio (vivido pelo ator português Adriano Carvalho). Ela é levada a conviver com os escravos do marido numa fazenda que promete desencadear uma espiral de violência.

    "No Brasil até pouco tempo se praticou o casamento forçado de meninas muito jovens", diz Daniela Thomas, que acalentava o projeto há mais de 15 anos. A escravidão é outro dos temas que costuram a trama. "O país ainda não encarou isso que praticou. É algo que me comove."

    Para reconstituir a história,ela teve ajuda da historiadora Mary Del Priore (da série de livros "Histórias da Gente Brasileira"). "Ela tem obsessão em saber como teria sido a vida comum dos brasileiros", conta a diretora.

    Daniela Thomas também optou por rodar o longa todo em preto e branco. "Não queria que as cores atrapalhassem o fluir da história. E como o preto e branco traz essa associação com o passado, achei que seria legal", diz a cineasta, que filmou num casarão antigo próximo à região do Serro, em Minas.

    "Vazante" é seu primeiro longa solo depois de codirigir "Terra Estrangeira", "O Primeiro Dia" e "Linha de Passe" com Walter Salles, e "Insolação", com Felipe Hirsch.

    A diretora, que fez parte da direção artística da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, também prepara para breve um segundo filme solo: "O Banquete", passado no contexto da redemocratização.

    Também integra a escalação brasileira do Festival de Berlim outro drama: "Pendular", da carioca Julia Murat. O filme gira em torno da relação entre um casal: ele, um escultor; ela, uma dançarina.

    Divulgação
    Os atores Raquel Karro e Rodrigo Bolzan formam o casal de 'Pendular', de Julia Murat
    Os atores Raquel Karro e Rodrigo Bolzan formam o casal de 'Pendular', de Julia Murat

    Entre os dois, vividos por Raquel Karro e Rodrigo Bolzan, brota uma tensão que vai se manifestar no espaço que compartilham: as esculturas dele invadem o espaço dela.

    "Queria trabalhar com a ideia de pêndulo", diz a diretora. "Tanto o pêndulo da relação amorosa quanto o pêndulo do encontro das artes."

    Com carreira sedimentada na edição e assistência de direção, Murat é diretora de "Histórias que Só Existem Quando Lembradas", de 2011.

    Ela comenta o fato de que são duas diretoras as brasileiras selecionadas para a Berlinale: "Que seja uma realidade, e não uma campanha".

    Dentre os grandes festivais estrangeiros –junto de Cannes e Veneza–, Berlim tem sido o mais receptivo aos brasileiros: já premiou "Tropa de Elite" e "Central do Brasil".

    Os filmes da competição principal e da segunda leva da seção Panorama ainda não foram anunciados. "Joaquim", biografia sobre Tiradentes dirigida por Marcelo Gomes, está nesse páreo.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024