Quando o dramaturgo e poeta espanhol Federico García Lorca foi assassinado em 1936, no início da Guerra Civil Espanhola, ele deixou inacabada, e sem título, uma peça em três atos. A obra agora está sendo finalizada e ganhou o nome de "El Sueño de la Vida" (o sonho da vida).

O responsável pelo trabalho de escrever os dois atos finais é o também espanhol Alberto Conejero, de 38 anos. Em 2013, ele lançou "La Piedra Oscura", peça premiada em que Lorca aparece como motor da história, e, em 2015, adaptou montagem de "Amor Dom Perlimplim com Belisa em seu Jardim", que Lorca escreveu em 1928.

A peça inacabada, descrita pelo jornal "El País" como subversiva, direta e combativa, se passa em um teatro no qual está sendo encenada "Sonho de uma Noite de Verão", de Shakespeare, quando uma revolução estoura do lado de fora e passa a invadir o espaço teatral.

Em 1986, o diretor espanhol Lluís Pasqual montou em Madri a peça sem título inacabada, que tem ecos de Calderón de la Barca, maior nome do teatro clássico do país, autor de "A Vida É Sonho".

Em entrevista ao jornal inglês "The Guardian", Conejero diz que a peça pode ser considerada a parte final do ciclo surrealista de Lorca, junto de "O Público", escrita entre 1929 e 1930, e "Assim que Passarem Cinco Anos", de 1931, e que demonstra urgência política.

"É uma peça sobre o papel do teatro quando confrontado com uma emergência social, mas também é sobre a necessidade da ficção e da poesia num mundo em ruínas", disse ele ao jornal.

Ao "El País", revela ter respeitado os personagens originais, ter acrescentado apenas dois, e ter mantido os cenários –o teatro, um necrotério, e um céu com anjos– como já indicados por Lorca.

O trabalho de finalização da peça está sendo comissionado pelo departamento de Madri, deve ser publicado ainda neste ano em livro e deve estrear nos palcos espanhóis em 2018.